Por Bloomberg
16/09/2022 05h03 Atualizado há 4 horas
Investidores em dívida de alto risco de mercados emergentes começam finalmente a ter retornos positivos à medida que os temores de um colapso econômico diminuem. Em uma reversão da tendência do primeiro semestre, os títulos externos de empresas e governos de grau especulativo dos países em desenvolvimento deram um retorno de 7,2% nos últimos dois meses, de acordo com índices da Bloomberg. Isso segue uma queda brutal de 18% até junho, no pior ano desde a crise de crédito de 2008.
A recuperação ocorre depois que os temores de uma onda de calotes na esteira da invasão da Ucrânia pela Rússia não se concretizaram por enquanto, com exceção do Sri Lanka. A maioria das outras nações continuou a pagar suas dívidas, embora algumas com ajuda do Fundo Monetário Internacional (FMI), deixando os investidores de olho em múltiplos atraentes e “yields” de dois dígitos.
“O setor sobreviveu ao teste de estresse”, disse Anders Faergemann, gestor sênior da PineBridge Investments em Londres. “Acreditamos que as expectativas gerais de default estavam descasadas dos fundamentos.”
Créditos frágeis como Gana se recuperaram de mínimas abaixo de 40 centavos por dólar, em meio a uma melhora no sentimento do mercado e relatos de progresso em relação aos acordos com o FMI. Os principais mercados emergentes classificados como especulativos, como Turquia e África do Sul, também subiram.
O custo da dívida continua alto para muitos países emergentes. Os investidores estão obtendo rendimentos médios de 12% nesse segmento, comparado a uma média de cinco anos inferior a 8%. As taxas chegam a 30% para países como Tunísia e El Salvador, e mais de 20% para outros, como Paquistão e Gana.
“Em um ambiente em que o mercado acha que a tendência vai de estável para positiva, o foco tende a ficar nos múltiplos”, disse Ivailo Vesselov, estrategista-chefe da Emso Asset Management. A dívida de alto risco atingiu “níveis que alguns começaram a considerar atraentes em geral”.
É claro que muitos desses países ainda não estão fora de risco. O J.P. Morgan cortou a sua recomendação para dívida soberana e corporativa de emergentes para “underweight” (ou abaixo da média do mercado) em um relatório recente, citando spreads de crédito “apertados” e riscos de política monetária mais agressiva e crescimento mais fraco.
Fonte: Valor Econômico

