Investidores asiáticos estão se preparando para uma enxurrada de declarações oficiais e postagens em redes sociais à medida que se aproxima o prazo das tarifas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Com acordos comerciais ainda pendentes para Japão, Coreia do Sul e Índia, investidores da Fidelity International à Blue Edge Advisors estão adotando estratégias de hedge ou reduzindo a exposição em ações, ou ainda se posicionando para aproveitar possíveis quedas do mercado, com a expectativa de que qualquer notícia negativa seja temporária.
O índice MSCI Asia Pacific está sendo negociado próximo ao seu nível mais alto desde setembro de 2021, e a volatilidade caiu para bem abaixo da média do último ano, impulsionada por uma estratégia baseada no padrão de Trump sempre recuar de suas posturas iniciais, o que estimulou o apetite por risco. No entanto, apenas o Vietnã, na Ásia, firmou um acordo, e Trump ameaçou enviar cartas notificando os parceiros comerciais sobre novas tarifas já a partir de sexta-feira.
“Digamos apenas que a bateria do meu celular não terá muito descanso neste fim de semana”, disse Hebe Chen, analista de mercado da Vantage Markets, em Melbourne. “Meu cérebro está totalmente preparado para se manter alerta durante o que está se desenhando como um fim de semana onde tudo é possível.”
No Japão, os nervos estão à flor da pele, com o Nikkei 225 registrando sua pior semana desde maio, diante da percepção de falta de progresso nas negociações. As ações indianas também mostraram fraqueza, apesar da exposição tarifária relativamente baixa do país. E os investidores coreanos estão tensos, mesmo com o mercado em alta impulsionado pelas expectativas em torno da nova liderança do país.
“Estou um pouco preocupado com a Coreia, já que Trump e Lee Jae Myung, o novo presidente, ainda não estabeleceram contato ativo”, disse Jung In Yun, CEO da Fibonacci Asset Management Global Pte. Ele reduziu parte da exposição em ações e está mantendo mais caixa do que o habitual.
Leia mais: Coreia do Sul Reflete Sobre Demandas Comerciais dos EUA Enquanto Acordo Permanece Elusivo
A Conning Asia Pacific Ltd. “reduziu a exposição em ações em 10%, aproximando-se da neutralidade nos últimos dois meses”, vendendo ações dos setores de inteligência artificial e defesa, disse Emily Dong, diretora administrativa e chefe de ações. “Reduzimos a exposição principalmente por questões de valuation, pois estávamos conscientes de que os mercados não precificam adequadamente as consequências negativas das mudanças tarifárias. Estamos direcionando esse capital para renda fixa.”
Isso não significa que todos estejam apreensivos. Operações com base na teoria do “Trump sempre recua” geraram certa complacência, mas os traders sabem que a situação pode mudar a qualquer momento.
“É como uma farra bêbada com TACOs duvidosos depois de uma noite selvagem — hoje você está cheio de satisfação, mas pode acabar cheio de arrependimento amanhã”, disse Calvin Yeoh, gestor de portfólio do hedge fund Blue Edge Advisors Pte., em Cingapura.
Após analisar os dados de folha de pagamento dos EUA, que vieram acima do esperado, Yeoh planeja descansar o máximo possível no fim de semana em antecipação às manchetes que certamente surgirão nos próximos dias. Como preparação para o desconhecido, ele tem comprado títulos e ouro como forma de hedge contra os riscos para as ações.
Monitorando Acordos
O presidente dos EUA suspendeu por 90 dias as tarifas recíprocas que havia anunciado em 2 de abril, a fim de permitir tempo para negociações com os países. Desde então, o governo divulgou acordos formais com o Reino Unido e com o Vietnã, embora dezenas de outras nações impactadas ainda permaneçam em situação indefinida.
A notícia do pacto com o Vietnã desencadeou uma alta nas ações de empresas globais com fábricas no país do Sudeste Asiático, incluindo Apple Inc. e Nike Inc. Mas os detalhes permanecem vagos, e alguns investidores veem o caso como um alerta para outros países que tentam fechar acordos antes do prazo da próxima quarta-feira.
“Foi animador ver o acordo com o Vietnã ser concluído tão rapidamente”, especialmente considerando o tamanho do superávit comercial do país com os EUA, disse Daniel Hurley, especialista de portfólio para mercados emergentes e ações japonesas na T. Rowe Price Group Inc. No entanto, ele afirma que as negociações “provavelmente serão mais complexas” para países maiores.
Os EUA impuseram uma tarifa de 20% sobre as importações vietnamitas, além de um imposto de 40% sobre mercadorias classificadas como “transshipment” [reexportação indireta], uma rota frequentemente utilizada por exportadores chineses. Embora as duas maiores economias do mundo tenham firmado uma trégua que atenuou tarifas retaliatórias, alguns especialistas estão interpretando a tarifa mais elevada imposta ao Vietnã como um possível indicativo de onde a tarifa sobre a China poderá ser fixada.
Mesmo após o recente pacto entre Pequim e Washington, a ansiedade persistente contribuiu para reduzir parte do ímpeto de um dos ralis acionários mais fortes do mundo. Um índice chave de ações chinesas negociadas em Hong Kong caiu cerca de 2% nesta semana, ficando atrás de outros mercados importantes da Ásia-Pacífico e da valorização de 1,7% do índice S&P 500.
Leia mais: Acordo de Trump com o Vietnã Mostra que Tarifas Sobre a China Não Cairão Muito Mais
Oportunidade de Compra
Trump aumentou a cautela dos investidores ao afirmar que seu governo começará a enviar cartas a parceiros comerciais na sexta-feira, estabelecendo tarifas unilaterais que podem variar de 10% a 70%. Ainda assim, alguns aguardam qualquer oportunidade para entrar em ações em forte valorização a preços mais baixos, caso notícias negativas provoquem uma reação exagerada do mercado.
“Se Trump enviar uma carta comercial de tom extremamente agressivo, isso pode gerar algum ruído no mercado”, disse Joseph Zhang, gestor de portfólio da Fidelity International, em Hong Kong. “Na verdade, não vejo o mercado entrando em pânico com isso. Se houver alguma correção temporária, ela pode representar uma oportunidade de compra.”
Enquanto os detalhes das negociações comerciais e das tarifas finais são aguardados com expectativa, alguns investidores afirmam que o dia 9 de julho poderá chegar e passar sem qualquer anúncio para muitas nações.
“É irrealista pensar que acordos significativos com todos os países do mundo poderiam ser negociados em um período tão curto de tempo”, disse Steve Sosnick, estrategista-chefe da Interactive Brokers Group Inc.
Fonte: Bloomberg
Traduzido via ChatGPT
