Por Eric Platt e Antoine Gara — Financial Times, de Nova York
14/09/2023 05h03 Atualizado há 5 horas
A Blackstone decidiu fundir suas áreas de seguros e crédito, em um sinal de que a maior gestora de ativos alternativos do mundo avalia que suas perspectivas de crescimento na próxima década estão fora dos tradicionais negócios imobiliários e de private equity, que são seu alicerce há bastante tempo.
Seu executivo-chefe, Stephen Schwarzman, disse nesta quarta-feira que a unidade integrada, conhecida simplesmente como Blackstone Credit & Insurance, poderia crescer o suficiente para gerir US$ 1 trilhão nos próximos dez anos, bem acima dos US$ 295 bilhões que estão sob sua responsabilidade atualmente. Isso daria à empresa seu próximo grande alvo, depois que ela revelou, em julho, que seus ativos chegaram à marca de US$ 1 trilhão pela primeira vez.
Os dois segmentos juntos foram os que registraram o crescimento mais rápido da Blackstone nos últimos três anos: a empresa informou que as duas unidades somaram entradas de US$ 41 bilhões líquidos neste ano até junho, que representam quase dois quintos do volume total de captação de recursos da instituição nesse período.
A Blackstone decidiu combinar suas áreas de crédito e seguros em um momento em que ela e outras empresas de private equity, como a Apollo Global Management, a KKR e a Brookfield, dão prioridade a investimentos com base em dívida como fonte de crescimento de ativos em um ambiente de taxas de juros cada vez mais elevadas.
No ano passado, a Apollo concluiu a aquisição da Athene – uma empresa de seguros de vida e planos de previdência que criara na esteira da crise financeira de 2008 -, já que seu executivo-chefe, Marc Rowan, decidiu dar prioridade aos investimentos de crédito como principal fonte de crescimento do grupo. A divisão de crédito da Apollo administra centenas de bilhões em ativos de seguros que passaram a ser propriedade direta do grupo depois da fusão.
A KKR e a Brookfield também compraram grandes seguradoras nos últimos anos, num esforço de crescimento de seus ativos.
O chefe de seguros, Gilles Dellaert, comandará a unidade combinada
A Blackstone adotou uma abordagem diferente. Em vez de compras diretas, a empresa fechou parcerias com várias grandes seguradoras, como a AIG e a Allstate, pelas quais fornece serviços de gestão de ativos às suas apólices.
Com estes novos ativos de crédito e seguros, as empresas de private equity começaram a se posicionar como alternativa ao sistema bancário tradicional, com capacidade de conceder grandes empréstimos multibilionários a empresas e de originar ativos securitizados, como equipamentos de aluguel e empréstimos de aeronaves. A escolha de um novo chefe para a unidade combinada também enfatizou como a divisão de crédito da Blackstone continua a se afastar de suas raízes na área de investimento em dívidas de alto risco.
A empresa informou que o chefe de operações de seguros, Gilles Dellaert, comandará a unidade combinada. Dellaert entrou na Blackstone em 2020, vindo do peso-pesado da área de resseguros Global Atlantic – empresa na qual a KKR comprou participação majoritária em 2021, enquanto buscava turbinar as próprias operações de seguros. Antes da Global Atlantic, Dellaert ocupou cargos no Goldman Sachs e J.P. Morgan.
Dwight Scott, um executivo veterano da Blackstone que liderou o segmento de crédito, foi nomeado presidente da nova unidade. A gestão de Scott na divisão de crédito remonta a 2005, quando a empresa se chamava GSO Capital Partners. A empresa, conhecida por suas apostas sagazes nos mercados de crédito, foi adquirida pela Blackstone em 2008.
Fonte: Valor Econômico

