Os mercados emergentes estão mais atrativos, em especial a renda fixa, o que tem levado a BlackRock a aumentar a exposição a essa classe de ativos, de acordo com o gestor de alocação global da casa, Russ Koesterich. Ele, inclusive, revela que a dívida brasileira é um dos ativos favoritos da gestora.
“Os juros reais brasileiros estão muito altos, achamos que são atrativos na comparação com outros emergentes”, disse o gestor em entrevista coletiva nesta quinta-feira, no escritório da companhia em São Paulo. “Também vemos oportunidades pelo lado da dívida no México, outro emergente que gostamos. Temos menos exposição a ações, em parte porque estamos mais cautelosos com a China.”
Para Koesterich, a desaceleração da China tem algum efeito negativo para o Brasil, mas também é possível que haja consequências positivas. “Acho que os investidores estão repensando a exposição a emergentes. Existe mais interesse em índices que não incluem a China. No longo prazo, quando a cesta de mercados emergentes se torna mais diversificada, isso pode beneficiar os demais países.”
O gestor se diz positivo com moedas de mercados emergentes, incluindo o real. Na visão dele, há um maior interesse nesses ativos, especialmente se houver uma flexibilização da política monetária nos Estados Unidos e o dólar enfraquecer globalmente em 2024, o que favoreceria o fluxo de recursos para os emergentes.
Koesterich afirma que o risco geopolítico para ativos globais existe e não parece estar adequadamente refletido nos preços. “É difícil ver prêmio de risco no preço do petróleo. Ele pode subir se o conflito no Oriente Médio se alastrar. A mesma coisa em relação à Ucrânia”, diz.
Para o executivo, o prêmio de risco de alguns ativos poderia estar mais alto. “Estamos tentando entender por que o petróleo está onde está, dado que houve hostilidades relacionada a navios e transporte no Mar Vermelho e em áreas pelo Mediterrâneo. Não acho que a chance de escalada é zero, mas hoje não vejo muito prêmio de risco nos preços.”
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Russ Koesterich, da BlackRock: dívida brasileira é um dos ativos favoritos da gestora — Foto: Divulgação
Fonte: Valor Econômico