O Bitcoin é uma reserva de valor, como o ouro, ou um ativo de risco com alto potencial de valorização, similar às ações das Big Techs? Para a BlackRock, a maior gestora do mundo, atualmente a criptomoeda se assemelha mais a um investimento em empresas de crescimento do que a um ativo de proteção de capital.
Em um artigo recém-publicado, estrategistas da gestora concluíram que o Bitcoin contribui para a diversificação de carteiras, oferecendo uma rentabilidade potencial ponderada pelo risco semelhante à das maiores empresas de tecnologia. Segundo os cálculos da BlackRock, uma participação de 1% a 2% da criptomoeda na carteira proporciona um risco/retorno comparável ao das ações das “Magnificent Seven” (as sete maiores empresas de tecnologia).
Mas por que não alocar mais do que isso? “Ir além disso aumentaria drasticamente a participação do Bitcoin no risco geral do portfólio,” escrevem os gestores. A simulação considerou uma carteira típica americana, com 60% de renda variável e 40% de renda fixa. Nesse modelo, cada ação das “Mag Seven” representa, em média, 4% do risco ponderado da carteira. Já uma alocação de 1% em Bitcoin representa 2% do risco total e, com 2% de alocação, esse risco sobe para 5%. Uma participação de 4% elevaria o risco a 14%, o que justificaria a alocação recomendada de 1% a 2%.
A gestora ressalta que o retorno do Bitcoin deve ser pensado com base em sua valorização esperada, impulsionada pela adoção mais ampla da moeda digital, e não pelo fluxo de caixa, como ocorre com ações. Por ter drivers de valuation diferentes de ativos tradicionais, o Bitcoin apresenta menor correlação de risco com outros investimentos no longo prazo, tornando-se uma fonte diversificada de retorno.
“Em outras palavras, pode oferecer aos investidores uma fonte diversificada de retorno,” escreveram os estrategistas, apontando que a correlação entre o Bitcoin e ações tem sido baixa. No entanto, o histórico da moeda digital é marcado por alta volatilidade e grandes drawdowns ao longo de seus 15 anos de existência. No futuro, o aumento de sua adoção poderá torná-lo menos arriscado, mas, nesse estágio, o Bitcoin talvez perca parte de seu potencial de valorização.
“Se isso ocorrer, o caso para ter Bitcoin na carteira poderá não ser mais tão evidente, e os investidores talvez optem por usá-lo como hedge, de maneira similar ao ouro,” concluíram os estrategistas.
Fonte: Brazil Journal