Por Alex Harris — Bloomberg
12/04/2023 05h03 Atualizado há 5 horas
A BlackRock aumentou sua recomendação para apostas em dívida indexada à inflação, com base na visão de que as pressões de preços permanecerão bem acima da meta de 2% do Federal Reserve.
A gestora tem um posicionamento estratégico “overweight” (acima da média do mercado) no ativo há alguns anos, observando que as tendências estruturais provavelmente sustentarão as pressões de preços nos EUA.
A instituição financeira aumentou a sua exposição à posição no mês passado, quando indicadores de mercado das expectativas de inflação recuaram, escreveram estrategistas do BlackRock Investment Institute em relatório.
A divulgação dos dados de preços ao consumidor nesta quarta-feira deve confirmar a persistência da inflação, escreveram.
“Vamos conviver com a inflação”, disseram estrategistas como Jean Boivin e Wei Li na nota. “De fato vemos a inflação esfriando à medida que os padrões de gastos se normalizam e os preços da energia diminuem”, mas o índice tende a ainda persistir acima das metas da política monetária nos próximos anos.
No último ano, bancos centrais globais elevaram as taxas de juros para domar a inflação, o que reforçou as expectativas de que as autoridades monetárias acabariam levando as economias à recessão como parte desse esforço. A queda nos rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA no mês passado sinalizou para alguns que uma recessão está no horizonte em meio ao aperto monetário do Fed.
“O Fed mantém as altas das taxas para reduzir a inflação para a meta, mesmo quando rachaduras financeiras começam a aparecer”, escreveram os estrategistas. “O Fed vai parar com os aumentos quando o dano se tornar mais aparente. Isso significa que não terá feito o suficiente para criar a profunda recessão necessária para atingir sua meta de inflação.”
Os preços ao consumidor nos EUA provavelmente subiram a uma taxa anual de 5,1% em março, abaixo dos 6% do mês anterior, de acordo com a estimativa mediana de economistas consultados pela Bloomberg antes da divulgação de quarta-feira. Excluindo preços de alimentos e energia, a taxa deve subir de 5,5% a 5,6%.
Ao mesmo tempo, operadores reforçam apostas em outra elevação de 0,25 ponto percentual na taxa do Fed em maio, na esteira de dados fortes de emprego divulgados na semana passada. Os contratos de swap referentes às datas das reuniões do Fed foram precificados para níveis que indicam mais de 80% de chances de o banco central dos EUA subir sua taxa de juros para um intervalo de 5% a 5,25% em 3 de maio.
Operadores do mercado esperam que haja redução nos juros até o final de 2023.
“Os preços de mercado em repetidos cortes de juros sugerem que os investidores estão subestimando a persistência da inflação e esperando que os bancos centrais venham em socorro”, escreveram os estrategistas da BlackRock. “Vemos uma inflação persistente impedindo cortes em 2023.”
Fonte: Valor Econômico

