O mercado de criptoativos inicia a semana sob forte pressão, com o Bitcoin (BTC) tocando os US$ 92 mil, menor valor desde abril, em um movimento que apaga toda a valorização acumulada em 2025. A queda reflete a combinação de incertezas macroeconômicas nos Estados Unidos, correção no setor de tecnologia e saídas relevantes dos ETFs de BTC no mercado americano.
Pela manhã, a primeira e principal representante do segmento até ensaiou uma recuperação, negociada no patamar dos US$ 93 mil, segundo dados da plataforma agregadora de preços Coingecko. No entanto, por volta de 18h30 (horário de Brasília), estava em torno de US$ 91.600.
Segundo Sarah Uska, analista de criptoativos do Bitybank, o ajuste começou com a piora do cenário econômico americano e ganhou intensidade com a correção das empresas de tecnologia e de inteligência artificial.
“O Bitcoin saiu da região de US$ 106 mil no início da semana passada e tocou mínimas próximas de US$ 92 mil, refletindo o aumento das incertezas econômicas e a redução do apetite por ativos voláteis”, afirma. Ela destaca que as saídas dos ETFs somaram US$ 1,4 bilhão no período e que as reservas de BTC nas exchanges subiram, aumentando o potencial de venda no curto prazo.
A Bitfinex reforça, no entanto, que o movimento é típico de realocação de risco, e não uma ruptura estrutural na tese do Bitcoin. Os analistas citam dois gatilhos imediatos: as fortes saídas dos ETFs à vista e a liquidação de mais de US$ 1,1 bilhão em posições compradas alavancadas na última sexta-feira, o que gerou efeito cascata no mercado de derivativos. A rotação global para fora de ativos ligados ao tema de IA também ampliou a pressão vendedora.
No lado técnico, o Bitcoin se aproxima de regiões de preço acompanhadas por investidores de curto prazo. Para Ana de Mattos, analista técnica e trader parceira da Ripio, o movimento atual testa zonas importantes. “Se houver apelo dos preços baixos, o Bitcoin pode buscar resistências em US$ 97.700 e US$ 101.570; caso a pressão vendedora continue, há suportes relevantes em US$ 93 mil e US$ 87 mil”, aponta.
O enfraquecimento também atingiu outras criptos relevantes. O Ethereum (ETH) tocou mínima de US$ 3.004, pior nível desde julho, sem entrada de fluxo comprador durante a correção — um sinal de que a queda pode seguir até os suportes de US$ 2.960 e US$ 2.550, aponta Mattos. Para uma eventual recuperação, as regiões de US$ 3.260 e US$ 3.430 funcionam como resistências de curto prazo.
Para os próximos dias, o foco segue sobre o fluxo dos ETFs, o comportamento das reservas de BTC nas exchanges e os dados macroeconômicos dos EUA — pontos que devem continuar determinando o ritmo dos ativos digitais.
Fonte: Valor Investe

