Bitcoin atinge nova máxima e criptomoedas voltam a valer US$ 3 trilhões

O bitcoin cravou ontem sucessivos recordes históricos, oscilando próximo de US$ 90 mil, e as criptomoedas como um todo voltaram a ultrapassar US$ 3 trilhões. O patamar é inédito desde 10 de novembro de 2021, época de febre das criptomoedas e poucos meses antes de uma sequência de quebras que abalou o setor no ano seguinte.

Desde a eleição de Donald Trump na semana passada, o mercado “cripto” tem vivido um momento de euforia com a perspectiva de uma regulação branda e promessas que envolvem até mesmo a criação de uma reserva nacional de bitcoin. No dia da eleição, o bitcoin superou pela primeira vez sua máxima histórica de março deste ano e operou acima dos US$ 74 mil. Desde então, a moeda digital fez máxima atrás de máxima sem sequer uma pausa para realização de lucros. Na noite de ontem, o bitcoin foi negociado a US$ 88.364, com alta de 11% nas últimas 24 horas, novo recorde histórico, segundo o CoinGecko. No ano, a valorização já chega a 110% até agora.

Para Beto Fernandes, analista da Foxbit, o salto que as criptomoedas realizaram é simbólico, pois não só chegou no Brasil a R$ 500 mil por unidade, como também o setor como um todo se consolidou como instrumento financeiro para diversificação de carteiras. “Na última semana, vimos, pela primeira vez na história, o bitcoin ganhando interesse político e sendo ponto de decisão para muitos eleitores americanos. Ao mesmo tempo, a entrada de ‘big players’, como a BlackRock no início deste ano, promoveu o selo de confiança que muitos aguardavam”, afirma.

Em janeiro, o primeiro rali das criptomoedas do ano ocorreu após serem aprovados nos EUA os fundos negociados em bolsa (ETFs) de bitcoin à vista, sendo o maior deles o gerido pela BlackRock. Os instrumentos se tornaram uma porta de entrada para os investidores institucionais americanos no mercado das criptomoedas.

Paulo Boghosian, diretor executivo do TC Pandhora, lembra que a disparada recente vem depois do bitcoin passar muito tempo lateralizado em uma faixa de preços entre US$ 60 mil e US$ 70 mil. “Quanto mais tempo um ativo passa em fase de acumulação, mais intensos tendem a ser os rompimentos, como vimos na semana passada”, aponta. Boghosian afirma que no último ciclo de alta o bitcoin teve quatro semanas consecutivas de valorização e que o cenário atual pode ser considerado uma “tempestade perfeita” positiva.

Fora a eleição de um candidato abertamente pró-cripto na maior economia do mundo, os criptoativos são beneficiados pelo aumento de liquidez promovido pelo Federal Reserve (Fed, banco central americano) com as reduções de 0,5 ponto percentual e 0,25 ponto, respectivamente, nas reuniões de setembro e novembro do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc). Isso tudo vem depois da aprovação dos ETFs e da redução pela metade na recompensa que a rede do bitcoin paga aos seus mineradores por descobrirem novos blocos de validação da criptomoeda, no evento conhecido como “halving”, de abril deste ano.

“Há o componente cíclico que costuma favorecer o preço do bitcoin alguns meses após o halving, com a redução da oferta de novos bitcoins. Tudo isso combinado explica o bitcoin ultrapassando os US$ 80 mil”, afirma João Marco Cunha, diretor de gestão da Hashdex.

Além do bitcoin, diversas criptomoedas menores também começaram a se movimentar com mais força durante o chamado “bull market” (mercado de alta) atual. O ether, moeda digital da rede Ethereum e segunda maior criptomoeda em valor de mercado, superou os US$ 3 mil pela primeira vez desde julho, mas ainda está bem longe de sua máxima histórica de US$ 4.878 atingidos em novembro de 2021.

De acordo com Fernandes, muitas das chamadas altcoins (criptomoedas menores do que o bitcoin) estão acompanhando o bom desempenho da maior das criptomoedas, apesar de algumas ainda estarem relativamente longe de suas máximas. “Mas como vemos historicamente, o mercado de alta começa sempre com o bitcoin puxando a fila. Com a confiança cada vez maior do mercado, aí sim, poderemos ver o capital fluir do bitcoin para outras criptomoedas, no que chamamos de ‘altseason’”, avalia.

Fonte: Valor Econômico