Por Valor — São Paulo
08/03/2023 16h54 Atualizado há 12 horas
O projeto orçamentário do presidente dos EUA, Joe Biden, para o próximo ano fiscal vai propor uma redução de US$ 3 trilhões no déficit público nos próximos dez anos. Para isso, o governo propõe elevar os impostos das grandes empresas e de pessoas que ganham mais de US$ 400 mil por ano.
Essa meta de redução do déficit é significativamente maior do que os US$ 2 trilhões que Biden havia citado em seu discurso sobre o Estado da União, no mês passado. Também é um forte contraste com os republicanos da Câmara dos Deputados, que defendem cortes nos programas sociais — Seguridade Social, Medicare e Medicaid (os dois seguros-saúde federais) — para reduzir o déficit. Os republicanos ainda não apresentaram sua contraproposta orçamentária.
“O orçamento do presidente, que divulgaremos amanhã (09), reduzirá o déficit em quase US$ 3 trilhões nos próximos 10 anos”, disse a secretária de imprensa da Casa Branca, Karine Jean-Pierre. Biden apresentará seu orçamento em um evento na Filadélfia.
A Casa Branca informou que a proposta do presidente se concentrará em quatro temas: expansão da economia, redução de custos, redução do déficit e proteção da Seguridade Social e do Medicare.
Biden, em seu discurso sobre o Estado da União, disse que atingiria as metas de cortar o déficit e aumentar a solvência dos programas sociais sem cortar benefícios ou subir os impostos sobre os americanos que ganham menos de US$ 400 mil por ano.
Taxar os ricos e as grandes empresas, mantendo os programas sociais, tem amplo apoio popular, segundo indicam pesquisas nos EUA. Aumentar esses impostos pode ajudar a resolver problemas fundamentais na economia americana, dizem os assessores de Biden.
“Temos um problema fundamental com nosso sistema tributário, que não suporta os tipos de investimentos e compromissos que o povo americano exige, deseja e espera. E isso ocorre principalmente porque os republicanos continuam cortando impostos repetidamente, principalmente para os mais ricos e para as grandes corporações”, disse Michael Linden, do Escritório de Administração e Orçamento da Casa Branca.
O plano orçamentário de Biden enfrentará críticas da oposição republicana e é improvável que passe pela Câmara, mas servirá como ponto de partida para as negociações sobre o teto da dívida e o gasto público com os republicanos.
Nem o plano de Biden nem o que quer que os republicanos venham a propor têm chance de se concretizar, com os níveis de gastos do próximo ano exigindo concessões. O abismo entre eles também ressalta os desafios substanciais que os EUA enfrentam para evitar um default no terceiro trimestre ou uma paralisação do governo federal — conhecido como shutdown — no quarto trimestre.
Embora os mercados até agora tenham ignorado as preocupações, o presidente do Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA), Jay Powell, alertou na terça-feira sobre os perigos de um default durante sessão no Congresso, enquanto a Fitch Ratings disse que o impasse pode levar a um rebaixamento da dívida soberana dos EUA.
A proposta orçamentária da Casa Branca representará efetivamente a oferta inicial dos democratas aos republicanos sobre como financiar o governo no próximo ano. Biden também poderá usar seu plano orçamentário como ponto de partida para uma candidatura à reeleição em 2024 se, como esperado, ele decidir buscar outro mandato na Casa Branca. O documento pode destacar programas que ele pode apresentar aos eleitores durante a campanha.
Biden também poderá usar o plano orçamentário como ponto de partida para uma candidatura à reeleição em 2024 se, como esperado, ele decidir buscar outro mandato na Casa Branca. O documento pode destacar programas que ele pode apresentar aos eleitores durante a campanha.
Fonte: Valor Econômico

