O historiador britânico Niall Ferguson, professor de Harvard e autor de livros como “Catástrofe: Uma história de desastres” e “A Ascensão do Dinheiro”, afirmou que o democrata Joe Biden é quase tão, ou até mais, protecionista do que o republicano Donald Trump. Em um painel durante evento promovido pelo UBS, o estudioso não se mostrou muito preocupado com o retorno de Trump, alegando que o sistema americano é muito eficiente em evitar que alguém se torne um ditador.
Segundo Ferguson, a esta altura as possibilidades são de pelo menos 50% de chance de Trump vencer.
“A mensagem de Trump ainda ecoa muito em boa parte da sociedade americana, essa mensagem de que há muito livre-comércio e que os americanos estão perdendo empregos para os chineses, de que há muita imigração ilegal e isso gera problemas de segurança. E Trump é muito mais carismático do que Biden, que, convenhamos, é muito velho para a campanha eleitoiral“, comentou.
Segundo ele, se colocassem uma arma em sua cabeça e o pedissem para “chutar” um resultado para a eleição americana, ele escolheria Trump.
Para Ferguson, no entanto, a disputa vai ser apertada, decidida por alguns poucos Estados-pêndulo (“swing states”, que às vezes votam para os democratas, às vezes para os republicanos) e por poucas centenas de milhares de votos.
Segundo ele, um fator decisivo pode ser os processos criminais que Trump enfrenta, já que pesquisas indicam que alguns eleitores de centro poderiam deixar de votar nele se o republicano tiver uma condenação criminal.
Seja como for, para o historiador, um novo governo Trump não seria tão ruim. “Biden é quase ou tão mais protecionista do que Trump. Ele não reverteu as políticas do ‘America First’, pelo contrário, promoveu uma guerra tecnológica contra a China em função dos semicondutores”, apontou.
Para ele, as políticas de Biden falharam no Oriente Médio e ditadores na Rússia, China, Irã e Coreia do Norte não têm medo dos EUA hoje.
“Eles também não têm medo do Trump, mas não sabem o que ele vai fazer. Então sua imprevisibilidade acaba sendo uma força.”
Na política doméstica, Ferguson acredita que Trump buscaria reduzir drasticamente o papel do Estado e atacaria a burocracia. Ao mesmo tempo, o historiador não vê o ex-presidente como uma ameaça à democracia.
“Se você for uma pessoa muito nervosa, poderia se perguntar: ‘esse é o fim da democracia americana?’ Mas, na realidade, acho que haveria continuidade em várias áreas [entre Trump e Biden]”.
Fonte: Valor Econômico