O governo do presidente Joe Biden busca uma resposta ao ataque mortal às forças dos EUA na Jordânia que seja suficientemente dura para dissuadir o Irã e os seus representantes sem desencadear uma guerra direta com a República Islâmica, de acordo com autoridades e especialistas.
“Faremos tudo o que for necessário para proteger as nossas forças, mas certamente não planejamos nos envolver num conflito mais amplo, e sim garantir a segurança e a estabilidade regional”, disse um porta-voz do Pentágono.
Biden enfrenta uma crescente pressão política interna para responder com força ao ataque de drones, que matou três soldados americanos e feriu dezenas de outros. Eles foram os primeiros americanos vítimas de um ataque deste tipo desde que as tensões regionais aumentaram com o início da guerra entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza em outubro.
Militares americanos disseram que falharam em parar o drone inimigo ao confundí-lo com um drone americano que se aproximava da base próxima à fronteira da Jordânia com a Síria no mesmo momento. Houve uma confusão sobre se o drone que chegava era amigo ou inimigo, concluíram as autoridades até agora.
O governo iraniano buscou ontem se distanciar do ataque mortal. O Ministério de Relações Exteriores iraniano classificou as acusações de envolvimento do país nas mortes das tropas americanas como uma conspiração “infundada” de “interessados em arrastar os EUA para um novo conflito na região para intensificar a crise”.
O cenário mais provável é que os EUA visem ativos alinhados com o governo iraniano fora do Irã, segundo Suzanne DiMaggio, pesquisadora do Carnegie Endowment for International Peace. “Um ataque direto ao território iraniano tem o alto risco de desencadear uma guerra ampliada, intencionalmente ou por acidente” e de pôr em risco as negociações em curso sobre reféns e cessar-fogo na guerra Israel-Hamas, disse ela.
Os EUA também poderiam atingir forças do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica do Irã, destacados na Síria, Iraque ou no Iêmen. Thomas Spoehr, tenente-general reformado do Exército e consultor de segurança nacional, disse que os EUA “têm de atacar militares uniformizados do Irã”. “Não acho que essas pessoas sejam provavelmente difíceis de encontrar.”
John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, disse que Biden se reuniu com sua equipe de segurança nacional no domingo e ontem e está “avaliando as opções”. E acrescentou: “Nós responderemos. Faremos isso de acordo com nossa programação e nosso tempo.”
A resposta de Washington será mais forte do que as suas mais recentes retaliações contra militantes apoiados pelo Irã, segundo uma pessoa a par da posição dos EUA, ressaltando os riscos de uma nova escalada num conflito que já se espalha da Faixa de Gaza para todo o Médio Oriente.
Fonte: Valor Econômico

