Por Valor Investe — São Paulo
26/10/2023 09h22 Atualizado há uma hora
O Banco Central Europeu (BCE) manteve a sua taxa de juros de referência (taxa de depósito) em 4% ao ano, nível de máxima histórica, em meio a indicadores econômicos fracos, que acabam aumentando preocupações com a possibilidade de a economia entrar em recessão na zona do euro. A taxa de empréstimos continuou a 4,75% e a de refinanciamento a 4,5% ao ano.
Apesar da decisão de não subir ainda mais os juros, o BCE entende que a inflação irá seguir elevada por bastante tempo, o que deverá também fazer com que os juros sigam nos atuais patamares.
“Ainda se espera que a inflação permaneça demasiado elevada durante demasiado tempo, e as pressões internas sobre os preços permanecem fortes. Ao mesmo tempo, a inflação desceu consideravelmente em setembro, incluindo devido a fortes efeitos de base, e a maioria da medidas da inflação subjacente continuou a abrandar”, informou o comunicado.
A autoridade monetária também destacou que está comprometida a fazer com que a inflação chegue a meta de 2% e irá usar de todos os recursos para alcançá-la. No entanto, o entendimento é de que os níveis atuais de juros já sirvam para trazer o índice de preços para o patamar desejado e só é preciso esperar que o ciclo de apertos realizado até aqui faça efeito na economia.
A nota cita o arrefecimento da inflação em setembro como fator para a decisão de manter as taxas como estão, após dez altas consecutivas.
A presidente do BCE, Christine Largarde explicou que os alimentos e a energia devem pressionar o índice de preços nos próximos meses.
“O aumento das tensões geopolíticas pode elevar os preços de energia no curto prazo, ao mesmo tempo em que torna a perspectiva de médio prazo mais incerta. As condições climáticas extremas e o desdobramento da crise climática de forma mais ampla podem fazer com que os preços dos alimentos subam mais do que o esperado” disse em seu discurso durante coletiva de imprensa.
A banqueira central também citou um possível aumento nas expectativas inflacionárias e salários ou margens de lucro acima do esperado como riscos de alta para os preços. Ao contrário, uma demanda mais fraca poderia reduzir ainda mais as pressões inflacionárias, em especial no médio prazo, segundo Lagarde.
Lagarde considera que as “pressões domésticas nos preços continuam fortes”, mas também pondera que as expectativas inflacionárias de longo prazo continuam ancoradas na meta de 2% ao ano. “No entanto, alguns indicadores permanecem elevados e precisam ser monitorados de perto”, alertou.
Lagarde ainda destacou que as medidas de inflação subjacente estão reduzindo, mas a pressão dos salários sobre os preços continua. Ainda assim, a presidente do BCE considera que tais pressões do mercado de trabalho já mostram sinais de arrefecimento, ainda que a taxa de desemprego continue “muito baixa”.
Quanto à economia da zona do euro, Lagarde diz esperar um cenário fraco até o fim do ano diante do peso da alta de juros sobre a atividade. “Nossos aumentos anteriores da taxa de juros continuam a ser transmitidos com força para as condições de financiamento. Isso está reduzindo cada vez mais a demanda e, portanto, ajuda a reduzir a inflação”, disse.
Com Gabriel Caldeira e Eduardo Magossi, do Valor PRO
Fonte: Valor Investe

