Uma semana após o Banco do Japão (BoJ) ter abalado os mercados globais após ter feito declarações diretas sobre a possibilidade de novos aumentos nos juros no país, o vice-presidente do BoJ, Shinichi Uchida, fez declarações no sentido oposto e disse que a autoridade monetária não irá elevar as taxas de juros enquanto os mercados estiverem instáveis
Em um discurso feito a líderes empresariais no norte do Japão, Uchida afirmou que o país não estava na mesma posição dos Estados Unidos e da zona do euro há vários anos, quando a inflação alta levou outras economias avançadas a subirem os juros rapidamente. “Portanto, o BoJ não irá aumentar sua taxa de juros quando os mercados financeiros e de capitais estiverem instáveis”, disse.
No fim de julho, a autoridade monetária japonesa elevou a taxa de depósito para 0,25%, em um movimento acompanhado por declarações “hawkish” do presidente do BoJ, Kazuo Ueda, ao mesmo tempo em que a perspectiva de cortes nos juros do Federal Reserve (Fed) de maneira mais agressiva se instaurou, o que provocou uma apreciação acelerada do iene, ao mesmo tempo em que as bolsas japonesas se desvalorizaram.
De acordo com Uchida, os desenvolvimentos recentes nos mercados têm sido “extremamente voláteis”. “O banco está monitorando os desenvolvimentos nos mercados e seus impactos na atividade econômica e nos preços com a máxima vigilância”, disse o dirigente, acrescentando que os preços das ações e a taxa de câmbio precisam ser observados, já que podem afetar o investimento das empresas e a inflação. “O banco, portanto, continuará a apoiar a economia, mantendo condições financeiras altamente acomodatícias.”
Fonte: Valor Econômico

