O Barclays acredita que o dólar deve encerrar o ano em R$ 4,90 e espera que o real tenha um desempenho mais forte que as divisas de outros mercados emergentes e do G10 no curto prazo, “em um ambiente em que estamos mais construtivos com ativos de risco”. No entanto, o banco alerta que o real pode ter um desempenho inferior em relação às moedas de mercados emergentes “em momentos de tensão” diante de debates ainda em aberto sobre a meta fiscal.
“O governo Lula busca receita bruta de R$ 168,5 bilhões, como parte de seu esforço para atingir a meta fiscal, apesar de quase 80% desse total de recursos serem ligados a iniciativas cujo potencial de receitas é incerto”, apontam os profissionais do Barclays.
Para o banco britânico, aderir ao arcabouço original exige a aprovação de novas medidas de receitas, e elas ainda não seriam suficientes para impedir um congelamento de até 0,5% do PIB. Por outro lado, “uma mudança na meta [de resultado primário] daria à classe política mais margem de manobra para gastar, prejudicando a credibilidade do novo quadro fiscal e, possivelmente, reduzindo o espaço para uma futura flexibilização monetária”, dizem os profissionais do Barclays.
A preocupação é com a proximidade das eleições municipais, em 2024, já que um cenário de desaquecimento das receitas imporia altos custos políticos para um respeito à meta.
Para o câmbio, o banco diz que o real pode superar a moeda dos emergentes e do G10 no curto prazo por conta do diferencial de juros, que ainda está alto. O Barclays ainda destaca que, apesar dos recentes cortes de 50 pontos-base nos juros e a continuidade desse ritmo, o Banco Central sinaliza que a taxa básica de juros permanecerá em “território restritivo”. Esse cenário mantém a divisa brasileira “comportada”, por enquanto. Para o fim de 2024, o Barclays prevê o dólar a R$4,85.
Fonte: Valor Econômico

