Em meio a fundamentos que sugerem uma economia mais aquecida que o esperado, o Barclays passou a projetar um pequeno ciclo de aperto monetário, com início neste mês, e que deve levar a Selic a 12%. E, a partir da comunicação recente dos dirigentes do Banco Central, o economista-chefe para Brasil do banco, Roberto Secemski, avalia que a autoridade monetária pode dar início ao ciclo com um aumento de 0,25 ponto percentual na reunião do dia 18, “embora acreditemos que faria mais sentido, de uma perspectiva de construção de credibilidade para o Copom, ser mais célere nos ajustes, com aumentos de 0,5 ponto”.
A observação de Secemski vem na esteira de declarações do presidente do BC, Roberto Campos Neto, na última sexta-feira, que sugerem que o comitê poderia optar por um movimento menor, de 0,25 ponto. Na ocasião, o dirigente afirmou que, se e quando houver um ciclo de ajuste da taxa de juros, ele será gradual. “Em nossa visão, aumentar 0,25 ponto (que é menos do que a curva de juros local está precificando atualmente) pode ser visto pelo mercado como o comitê simplesmente cumprindo sua ‘obrigação’ e entregando o que o mercado o levou a fazer, o que teria menos dividendos em termos de credibilidade e, portanto, menos melhora nas expectativas de inflação de longo prazo.”
Secemski diz, ainda, que já via razões que poderiam justificar elevações na taxa básica de juros, ao citar o hiato do produto mais apertado; o mercado de trabalho forte; a desancoragem das expectativas de inflação; e a inflação de serviços resiliente. Ele, porém, ressalta que o Barclays não estava convencido de que era desse jeito que o Copom necessariamente via as coisas, mas os últimos números divulgados pelo IBGE devem levar a uma revisão de PIB por parte do BC, implicando em um hiato do produto mais apertado, o que elevaria as projeções de inflação do Copom, apoiando a visão de aperto da Selic.
“Continuaremos monitorando o calendário cheio de divulgação de dados e os discursos de dirigentes do BC antes da próxima reunião do Copom para refinar nossas visões”, diz Secemski, ao lembrar que, pela frente, a autoridade monetária terá o IPCA de agosto, o relatório de empregos (“payroll”) dos EUA de agosto; e o índice de preços ao consumidor (CPI) americano, também referente ao mês passado.
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Fonte: Valor Econômico