Por Yuka Hayashi — Dow Jones Newswires, de Washington
08/06/2022 05h02 Atualizado há 5 horas
O Banco Mundial reduziu significativamente sua previsão de crescimento da economia global para este ano, alertando para vários anos de inflação alta e de fraco crescimento que lembram a estagflação da década de 1970.
Citando os danos causados pela guerra na Ucrânia e pela pandemia de covid-19, o banco disse que o crescimento global deverá cair para 2,9% em 2022, de 5,7% de 2021 e de uma estimativa de expansão de 4,1% em janeiro. Além disso, prevê que o crescimento vai se manter fraco em 2023 e 2024, com a desestabilização na atividade humana, dos investimentos e do comércio exterior causados pela guerra enquanto os governos retiram o apoio fiscal e monetário.
“Vários anos de inflação acima da média e um crescimento abaixo da média parecem prováveis agora”, disse David Malpass, presidente do Banco Mundial. “O risco de estagflação é considerável.”
Malpass disse que muitos países terão dificuldades em evitar a recessão, num momento em que o crescimento é castigado pela guerra na Ucrânia, por lockdowns na China ligados à pandemia e pela desestabilização das cadeias de suprimentos. Ele conclamou as autoridades a estimular a produção e a evitar restrições ao comércio exterior. Segundo ele, é necessário mudar as políticas fiscal, monetária, climática e de endividamento para fazer frente à má distribuição de capital e à desigualdade social.
Em seu mais recente relatório “Perspectivas Econômicas Globais”, o Banco Mundial fez uma avaliação detalhada de como devem ser comparadas as atuais condições econômicas globais com o quadro de inflação elevada e crescimento fraco – conhecido como estagflação – da década de 1970, quando choques do petróleo, gastos federais elevados e política monetária expansiva levaram à disparada da inflação.
O banco disse que a recuperação a partir da estagflação dos anos 1970 exigiu fortes aumentos das taxas de juros nas principais economias avançadas, o que, por sua vez, desencadeou uma série de crises financeiras nos países emergentes e em desenvolvimento.
Em decorrência dos prejuízos causados pela pandemia e pela guerra, neste ano o nível de renda per capita nas economias em desenvolvimento ficará quase 5% abaixo de sua tendência pré-pandemia, segundo o Banco Mundial.
“O aumento dos preços dos alimentos e da energia estão tendo efeitos estagflacionários, ou seja, estão deprimindo a produção e os gastos e elevando a inflação no mundo todo”, disse em maio a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, observando que a perspectiva econômica mostra-se desafiadora e incerta em âmbito global.
Ontem, em depoimento ao Senado, Yellen disse que a inflação permanecerá elevada, ressaltando o desafio que a economia dos EUA e o governo Joe Biden enfrentam à medida que a inflação atinge sua taxa mais alta em décadas.
“Espero que a inflação permaneça alta, embora tenha muita esperança de que esteja caindo agora”, disse ela, acrescentando que o governo Biden estava atualizando sua previsão de que a inflação seria em média 4,7% este ano. “Os números não estão fechados, mas é provável que sejam maiores.”
Fonte: Valor Econômico

