Por Bloomberg
17/10/2022 14h20 Atualizado há 19 horas
Abu Dhabi e Arábia Saudita estão avaliando se devem colocar dinheiro no banco de investimento e em outros negócios do Credit Suisse para aproveitar os valores atualmente depreciados, disseram pessoas com conhecimento do assunto.
O emirado rico em petróleo e seu vizinho do Golfo estão explorando separadamente investimentos potenciais por meio de fundos soberanos, como o Mubadala e o Public Investment Fund (PIF). Um acordo também pode vir por meio de outros veículos nos quais cada país possui participações significativas, disseram as pessoas.
As deliberações estão em um estágio inicial e não está claro se levarão a ofertas firmes. Investidores em potencial estão cautelosos com o risco de perdas futuras ou questões legais, disseram as fontes.
As ações do Credit Suisse operam em alta em Nova York e encerraram a sessão desta segunda-feira em Zurique com valorização. No acumulado do ano, porém, os papéis perdem cerca de metade do seu valor.
O banco está a menos de duas semanas de revelar detalhes de sua mais recente reestruturação, incluindo a possível separação dos negócios de consultoria e finanças alavancadas. Um potencial investimento nessa divisão foi discutido nos mais altos níveis do governo em Abu Dhabi, disse uma pessoa.
“Dissemos que atualizaremos o progresso de nossa revisão abrangente de estratégia quando anunciarmos nossos ganhos do terceiro trimestre”, disse o Credit Suisse em comunicado. “Seria prematuro comentar sobre quaisquer resultados potenciais antes disso.”
O escritório de mídia de Abu Dhabi e o PIF na Arábia Saudita não tiveram representantes imediatamente disponíveis para comentar. Mubadala se recusou a comentar.
A Bloomberg informou no início deste mês que o banco está tentando atrair um investidor externo para injetar dinheiro em um “spin-off” de seus negócios de consultoria e banco de investimento. A separação da unidade de negociação e subscrição efetivamente quebraria a problemática divisão de banco de investimento em três partes, com o Credit Suisse mantendo uma unidade de negociação encolhida enquanto separa seu grupo de produtos securitizados e outros ativos que deseja transferir.
Como parte das mudanças, o chefe do banco de investimentos do Credit, Christian Meissner, deve deixar a empresa nas próximas semanas, com sua saída provavelmente anunciada junto com a reformulação da instituição em 27 de outubro, disseram pessoas com conhecimento do assunto mais cedo. Ele foi contratado pelo Credit Suisse em outubro de 2020 para co-administrar um grupo recém-criado conectando clientes da unidade de gestão de patrimônio a serviços de banco de investimento, após uma carreira que abrangeu o Goldman Sachs e o Bank of America. Ele se tornou então o chefe da área de banco de investimento com a saída de Brian Chin, após as perdas com a Archegos Capital Management.
O Credit Suisse conta há muito tempo com investidores ricos do Oriente Médio como principais acionistas, incluindo a Qatar Investment Authority e o Olayan Group da Arábia Saudita. Eles frequentemente investiram em momentos de necessidade, incluindo a participação da QIA na emissão de aproximadamente US$ 2 bilhões de notas conversíveis do Credit Suisse em abril de 2021. Isso ajudou a fortalecer o balanço após o episódio da Archegos.
Um patrocinador externo da nova unidade separada poderia ajudar a aliviar o custo para o banco de reter e atrair talentos para um negócio que é quase inteiramente impulsionado por relacionamentos importantes, disseram pessoas com conhecimento do assunto no início deste mês.
Michael Klein, ex-banqueiro do Citigroup que também é membro do conselho do banco suíço, está ajudando a liderar o plano de encontrar investidores externos para a unidade de banco de investimento, disseram as pessoas. Klein, que tem boas conexões na Arábia Saudita, fez vários negócios no reino, incluindo a oferta pública inicial da Saudi Aramco, no maior IPO do mundo.
Fonte: Valor Econômico

