O dólar mais fraco e o início da queda de juros nos Estados Unidos mostram à frente um cenário favorável para investir em mercados emergentes como o Brasil, a China ou a Coreia do Sul. Acontece que os países com empresas de tecnologia e IA registradas em peso nos índices de ações tendem a gerar mais retorno aos investidores estrangeiros, enquanto os índices mais dependentes de exportações, como o brasileiro Ibovespa, tendem a ficar para trás na fila de preferência do investidor. Esta visão do banco francês BNP Paribas em um relatório para clientes institucionais sobre cenários para 2026.
- Como as economias dos mercados emergentes devem crescer acima da média das economias mais desenvolvidas pelo próximo ano, o BNP Paribas argumenta em relatório que investir em títulos de dívida dos emergentes “é interessante do ponto de vista de retornos absolutos”.
- Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), a projeção para 2026 é de que economias emergentes cresçam 4% em média, contra uma expansão de 1,6% para o PIB das economias desenvolvidas.
Além disso, o estímulo do investidor estrangeiro para fazer alocações em títulos de crédito nos mercados emergentes continuará lá: altas taxas de juros. No Brasil, o consenso do mercado apontado pela pesquisa Focus é de que a Selic chegue a 12,50% até dezembro de 2026. “A melhora da nota de crédito em meio aos juros altos é positiva para mercados emergentes”, diz Chris Iggo, chefe de investimentos globais do BNP, em relatório a investidores.
Mas assim como nos Estados Unidos, países cujo setor de tecnologia tem alguma presença na bolsa de valores entregam os maiores retornos aos investidores. Os países exportadores, como o Brasil, carecem do impulso e podem ficar para trás no páreo pelo dinheiro vindo de fora.
“Países voltados para uma economia exportadora podem enfrentar desafios quando ficam na mesma balança de outros que dependem do mercado doméstico para gerar lucro”, diz Daniel Moris, estrategista-chefe do banco francês. O BNP Paribas nota que índices de mercados emergentes com foco em empresas de tecnologia, como as bolsas de Hong Kong na China, superaram até os retornos do S&P 500.
“Dos três maiores países com setores de tecnologia, China, Coreia do Sul e Taiwan, o mercado chinês é o que oferece maior diversidade para além das fabricantes de semicondutores. Acreditamos que o setor de tecnologia da China está blindado da guerra tarifária [com os Estados Unidos]”, diz Moris.
De acordo com os executivos do BNP Paribas, o preço sobre lucro – diferença que mede o quanto um ativo está barato ou caro pelo preços das ações contra o retorno distribuído por papel – dos índices emergentes com empresas de tecnologia está a 0,5 pontos percentuais abaixo da média dos últimos 10 anos.
Fonte: Valor Investe

