Por André Mizutani, Daniel Gateno e Arthur Cagliari — De São Paulo
15/07/2022 05h03 Atualizado há 5 horas
O começo da temporada de balanços trimestrais nos EUA elevou a preocupação com a desaceleração econômica americana, enquanto os temores de um aperto monetário acelerado continuaram pesando sobre o humor dos investidores ontem.
A temporada de balanços corporativos do segundo trimestre começou a tomar fôlego com a divulgação dos resultados dos grandes bancos americanos. O J.P. Morgan informou que o seu lucro caiu 28%, para US$ 8,65 bilhões, no segundo trimestre, enquanto o Morgan Stanley reportou uma queda de 29% nos seus ganhos trimestrais. Além dos resultados fracos, que ficaram também abaixo das expectativas, o J.P. Morgan reportou ainda que separou mais US$ 428 milhões em provisões para inadimplência, sugerindo que o banco está bastante preocupado com a saúde da economia americana e alimentando os temores de recessão.
“Quando vemos as taxas de juros subindo ao mesmo tempo em que a economia piora, inevitavelmente veremos mais pessoas se mostrando incapazes de pagar as suas dívidas”, disse Stephen Innes, da SPI Asset Management, à “Dow Jones Newswires”.
A ação do J.P. Morgan fechou a sessão em queda de 3,49%, enquanto a do Morgan Stanley recuou 0,39% na sessão de ontem, prejudicando o setor financeiro, que caiu 1,92% no S&P 500 e anotou a pior performance setorial no dia. As perdas no índice amplo de Wall Street foram dispersas, com apenas as ações de tecnologia anotando ganhos significativos, fechando em alta de 0,93% e revertendo parte do tombo anterior.
A recuperação parcial das ações de tecnologia ajudou a dar suporte ao Nasdaq, que conseguiu fechar levemente positivo, em alta de 0,03%, a 11.251,18 pontos. Já o Dow Jones caiu 0,35%, a 10.358,80 pontos, enquanto o S&P 500 cedeu 0,30%, a 3.790,38 pontos, na sua quinta sessão consecutiva de perdas.
Os índices de Wall Street continuaram sendo pressionados pelos temores de que a inflação elevada force o Federal Reserve (Fed, o BC americano) a continuar apertando a política monetária rapidamente. Na quarta-feira, o CPI de junho dos Estados Unidos mostrou um avanço de 9,1% na sua base anual, número que superou as expectativas, de alta de 8,8% no período, e representa o maior salto dos preços desde novembro de 1981.
Na renda fixa, a diferença entre títulos longos e curtos diminuiu, mas os rendimentos dos papéis longos seguem abaixo dos curtos, o que é considerado um indicador de recessão. O yield do papel de dez anos subiu a 2,973%, de 2,964% do fechamento anterior, enquanto o do papel de dois anos recuou a 3,120%, de 3,153%.
Fonte: Valor Econômico

