Por Jonathan Cable — Reuters, de Londres
06/09/2023 05h01 Atualizado há 4 horas
A atividade econômica global desacelerou ainda mais em agosto, com as empresas do setor de serviços enfrentando dificuldades em razão da demanda fraca, com os aumentos dos preços e dos custos dos empréstimos obrigando os consumidores endividados a conterem seus gastos, segundo uma série de pesquisas de atividade divulgadas ontem.
Na zona do euro, o quadro foi mais negativo do que se pensava inicialmente, com o importante setor de serviços caindo em território de contração, sugerindo que o bloco poderá entrar em recessão.
O setor de serviços da Alemanha encolheu pela primeira vez neste ano e o da França encolheu mais do que o inicialmente esperado. No Reino Unido, fora do bloco europeu, os dados apontaram a maior desaceleração na atividade econômica em sete meses.
Na Ásia, as pesquisas de agosto também mostraram maior pessimismo, com a atividade do setor de serviços da China crescendo no ritmo mais lento em oito meses. A fraca demanda continua a afetar a segunda maior economia do mundo, enquanto o crescimento da Índia perdeu alguma força.
O Japão foi uma exceção, com a atividade em seu setor de serviços crescendo no ritmo mais acelerado em três meses, sustentada por gastos robustos do consumidor, e com o setor de turismo recuperando seu dinamismo.
As ações globais caíram ontem, com as fracas leituras reacendendo as preocupações com a desaceleração da China no pós-pandemia. “Os dados econômicos mais fracos vindos da Ásia deram o tom do sentimento do mercado”, observaram economistas do Royal Bank of Canada (RBC).
O índice de atividade composto final da zona do euro compilado pelo Hamburg Commercial Bank (HCOB) e S&P Global, um barômetro da saúde econômica em geral, caiu de 48,6 pontos em julho para 46,7 em agosto, menor leitura desde novembro de 2020.
Isso ficou abaixo da marca de 50 pontos, que separa o crescimento da contração, pelo terceiro mês seguido. Segundo a S&P Global, os dados apontam para uma contração de 0,1% no PIB da zona do euro neste trimestre.
O índice de atividade do setor de serviços do bloco encolheu de 50,9 pontos para 47,9, com o índice de novos negócios, uma medida da demanda, caindo ainda mais, de 48,2 pontos para 46,7, o mais baixo desde o começo de 2021.
As leituras do PMI de serviços para Reino Unido, Alemanha, França, Itália e Espanha ficaram todas abaixo de 50.
O PMI do setor de serviços da China medido pela Caixin/S&P Global caiu de 54,1 pontos em julho para 51,8 em agosto, a menor leitura desde dezembro, quando a covid-19 confinou muitos consumidores às suas casas.
Os dados estão bastante alinhados ao PMI de serviços oficial divulgado na semana passada, que mostrou que o setor continuou em uma tendência descendente.
As ações chinesas caíram após o anúncio dos dados, que esfriaram o frágil otimismo motivado pelas mais recentes medidas de estímulo do governo chinês.
As condições gerais na Índia permaneceram fortes, embora seu índice de atividade tenha caído de 62,3 pontos para 60,1. O índice do Japão contrariou a tendência e subiu de 53,8 pontos para 54,3.
“O Banco do Japão ficará animado com os sinais de aumento do nível de emprego no setor de serviços, mas preocupado com a persistência da pressão dos custos”, diz Duncan Wrigley da Pantheon Macroeconomics. “Mas o índice industrial ainda aponta para uma queda da atividade e o Japão está longe de alcançar uma trajetória de crescimento sustentado impulsionado pela demanda interna.”
Fonte: Valor Econômico

