Em conversa com o Trump 2.0, Christopher Garman, diretor-executivo para as Américas do Eurasia Group, afirmou que a principal consultoria de risco político do planeta trabalha hoje com a expectativa de uma ação militar dos Estados Unidos na Venezuela ainda este mês, provavelmente antes do Natal.
A maior probalidade, afirma, é de ataques aéreos, mas com “graus de belicosidade” diversos. Eles poderiam ser limitados a instalações identificadas pela Casa Branca como grupos de narcotráfico. Ou, em um segundo cenário, também incluiriam postos militares da Venezuela. E, por fim, se expandiriam para ações cirúrgicas contra figuras-chave do chavismo, com o objetivo específico de “decapitar o regime”.
— Hoje, o mais provável seria um ataque limitado ao narcotráfico e às instalações militares, mas os EUA seguem buscando maneiras de tirar o presidente Nicolás Maduro do poder, o que se traduz no planejamento de ataques específicos e de operações internas de inteligência. O objetivo central é fazê-lo sem a necessidade de se mandar soldados para o país, em uma menos improvável invasão, embora o presidente Donald Trump não tenha eliminado essa opção — diz Garman.
Em longa entrevista dada nesta segunda-feira ao Politico, Trump não descartou o envio de tropas ao país sul-americano como parte dos esforços para derrubar o ditador venezuelano, a quem responsabiliza diretamente por “exportar drogas e pessoas perigosas” aos EUA. Ele afirmou ao portal de notícias que os dias do chavista “estão contados”.
Ao GLOBO, Garman também frisou que retirar Maduro do poder sem ação militar americana em solo venezuelano segue sendo “um enorme desafio para Washington”. Inclusive por isso, a Eurasia vê hoje em 40% a possibilidade de queda do ditador venezuelano. Ou seja, há risco real, mas ainda improvável sem o envio de soldados.
Em Washington, o debate interno em torno do desenho do ataque se dá em meio a questionamentos crescentes, no Congresso e na opinião pública, especialmente após as acusações de crime de guerra nos bombardeios de embarcações no Caribe que o governo Trump diz estarem a serviço do tráfico internacional de drogas, sobre a legalidade da agressão a Caracas, “mais um complicador para os objetivos da Casa Branca”.
Fonte: O Globo

