A empresa de infraestrutura para “data centers” Ascenty investirá R$ 1,47 bilhão (US$ 270 milhões) em dois novos centros de dados no parque de infraestrutura da empresa em Osasco, na Grande São Paulo.
Os novos centros de dados SP07 e SP08, começam a operar em 2027 e 2028, respectivamente, e completam a capacidade do campus da Ascenty em Osasco. O espaço possui área total de 47 mil metros quadrados, com capacidade de fornecimento de 40 Megawatts (MW) de energia.
Segundo o executivo-chefe (CEO) da Ascenty, Christopher Torto, os próximos projetos da empresa no país serão instalados em outras regiões. “Acabou o espaço de São Paulo”, afirma o executivo em entrevista ao Valor. “Teremos novidades, daqui a pouco, em outras áreas no Brasil”.
Atualmente, no Brasil, a Ascenty possui centros de dados em Campinas, Hortolândia, Jundiaí, Sumaré, Vinhedo e Paulínia, no interior de São Paulo, bem como no Rio de Janeiro e em Fortaleza.
A companhia também estuda ampliar sua operação no Nordeste, com centros de dados movidos a energia solar e eólica. “No Ceará temos cabos submarinos que permitem baixa latência [tempo que os dados levam para passar de um ponto de uma rede a outro] e estamos olhando para uma segunda operação em Fortaleza baseada na demanda dos clientes”.
A exigência computacional de IA vem elevando os investimentos na construção de “data centers”, afirma Torto. “A IA requer uma estrutura completamente diferente tanto na energia como na refrigeração”, diz o executivo.
Em centros de dados de IA, compara Torto, o consumo de energia por rack – estrutura que acomoda servidores empilhados em centros de dados – sobe de 5 a 8 quilowatts-hora (kWh) para uma faixa de 40 kWh a 200 kWh.
O investimento de R$ 1,47 bilhão nos “data centers” SP07 e SP08 partirá tanto do capital próprio da Ascenty, como de seus investidores e de novas emissões de debêntures, informa a companhia.
A construção do quinto data center em Osasco foi iniciada em junho com um investimento de R$ 294,3 milhões (US$ 54 milhões). O projeto foi financiado parte em capital próprio e com uma parcela de oito emissões de debêntures que somaram R$ 4,7 bilhões (US$ 680 milhões). O sexto data center em Osasco, previsto para 2027 receberá um aporte maior, de R$ 654,1 milhões (US$ 120 milhões).
Segundo a empresa, as emissões de debêntures buscam refinanciar dívidas da e sustentar novos projetos. “O retorno sobre o investimento começa a ser gerado entre sete e oito anos, mas o tempo de depreciação do ativo se dá ao longo de 20 a 25 anos”, informa o CEO.
O retorno sobre o investimento começa a ser gerado entre sete e oito anos”
Em 2024, a Ascenty registrou prejuízo líquido de R$ 855,6 milhões. No ano anterior havia tido lucro de R$ 162,2 milhões. A receita líquida de R$ 1,55 bilhão em 2024, cresceu 5,4% ante o resultado de 2023 (R$ 1,47 bilhão). A dívida líquida era de R$ 5,4 bilhões em 2024. No fim do ano passado, o caixa somava R$ 1,2 bilhão, segundo o balanço da companhia.
Além do Brasil, a empresa inaugurou seu terceiro “data center” em Santiago, no Chile, em junho, e está construindo outro no México e mais dois na Colômbia.
A companhia possui 36 centros de dados, sendo 24 em operação para 600 empresas no Brasil, Chile e México, e outros 12 projetos em construção.
Outros grandes provedores de infraestrutura para “data centers” anunciaram investimentos bilionários no Brasil, no último ano. Entre eles, a Scala Data Centers, empresa do grupo DigitalBridge, anunciou, em setembro, um aporte de R$ 3 bilhões, em dois anos, na construção de “data centers” na região metropolitana de Porto Alegre (RS). Outro exemplo vem da Odata, que pertence à americana Aligned Data Centers, que inaugurou seu quarto centro de dados em Osasco, como parte de um investimento total de R$ 2,6 bilhões em um campus com capacidade de 48 MW.
Assim como os concorrentes, a Ascenty também aguarda a publicação de uma Medida Provisória (MP) proposta pelo Ministério da Fazenda para zerar o Imposto de Importação de chips de alta capacidade, que não são fabricados no Brasil. Segundo a Brasscom, entidade que reúne empresas de tecnologia, a alíquota do imposto varia de 15% a 20%.
“Grandes empresas estão olhando para onde levarão seus parques de IA no mundo todo. O Brasil, hoje, não é competitivo com o nível de impostos federais e estaduais que temos”, afirma Torto. A MP está na Casa Civil.
Fonte: Valor Econômico
