O mês de abril foi de fortes emoções no mercado americano. Isso porque, as discussões sobre quando (e até mesmo “se”) haverá um corte de juros por lá seguem a todo vapor e longe de uma resposta. Com isso, os investidores seguem cautelosos. Inclusive os brasileiros que alocam nos Estados Unidos. Na lista de ações favoritas, as “big techs” seguem reinando, tanto pelos bons resultados quanto pela ideia de “segurança” que elas passam aos investidores tupiniquins, já familiarizados com as empresas. Entre os fundos preferidos, os chamados “money markets” (espécie de “primo gringo” dos Fundos DI) aparecem como um refúgio.
Segundo o levantamento mensal feito pela corretora Avenue, que oferece uma plataforma para os brasileiros investirem no mercado americano, a lista das dez ações mais investidas por esse público em abril teve oito companhias do segmento “tech”. Em março, elas eram sete das dez preferidas. A novidade do mês foi a volta da Meta (dona do Facebook) para a lista. Apesar de as ações terem despencado após o balanço, que mostrou uma projeção de receita menor, muitos investidores viram o momento de baixa como uma boa oportunidade para a compra.
Além da Meta, que voltou para o ranking no oitavo lugar, outras sete empresas de tecnologia permaneceram na lista das ações mais investidas pelos brasileiros em abril.
A Apple, por exemplo, segue na liderança, assim como a fabricante de chips Nvidia, que também permaneceu em segundo lugar como era em março. A Microsoft surge em quarto lugar entre as favoritas e é seguida pela fabricante de veículos elétricos Tesla (que se posiciona como uma empresa “tech” por usar programação na sua cadeia produtiva).
A Amazon ocupa a sétima posição, seguida da Meta. Na sequência, em nono lugar, aparece a fabricante de semicondutores Taiwan Semiconductor Manufacturing, ou TSM, que apareceu no ranking pela primeira vez em março, devido à “corrida da inteligência artificial”. Por fim, quem completa o ranking é a Alphabet (dona do Google), em décimo lugar.
Segundo William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue, ao longo do mês de abril houve uma realização de lucros na bolsa americana (trocando em miúdos: muitos investidores venderam suas ações a fim de embolsar os ganhos com as altas que elas tiveram recentemente), o que levou os investidores a negociarem mais. Com alguns bons resultados das empresas de tecnologia na temporada de balanços, elas seguiram com uma forte demanda.
“Passamos por um momento de realização em abril. Isso sempre gera mais negociação e mais interesse das pessoas nas ‘big techs’, isso não muda tanto. Percebemos que parou um pouco aquela busca forte pela Nvidia, porque quando uma ação para de subir tanto, param de falar tanto nela também. Mas tivemos alguns resultados que chacoalharam bem as empresas, como Amazon, Google, que são parte significativa das alocações dos nossos clientes”, conta.
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Mas além da estratégia de se expor a empresas ou até mesmo a uma tendência em ascensão, como é o caso da IA, os investidores também optaram por apostas mais “seguras”. Com isso, gigantes da tecnologia seguiram dentre as favoritas.
Como tratam-se de empresas conhecidas e presentes no dia a dia dos investidores, eles tendem a se sentir mais encorajados a alocar seu dinheiro nelas, especialmente após elas terem se recuperado de um momento de crise, como foi há dois anos. Isso mostrou que, além de tudo, são companhias capazes de manter a resiliência diante de um cenário difícil.
Essa busca por uma certa proteção no portfólio também fica evidente quando se avalia as outras duas ações que compõem o ranking das favoritas. A Coca-Cola, que ficou em sexto lugar, também representa uma companhia conhecida e, principalmente, consolidada, que pode se sair melhor em períodos adversos.
Por fim, o terceiro lugar na preferência dos brasileiros em abril ficou por conta do REIT (nome dado aos “fundos imobiliários americanos”) Realty Income Corporation. O ativo se mostra como uma alternativa de renda recorrente para seus investidores por meio da distribuição de dividendos.
Ações americanas mais investidas pelos brasileiros em abril
O levantamento da Avenue mostrou que a busca por cautela também se refletiu em outras classes de ativos. Na lista dos fundos favoritos, por exemplo, o US Money Market (que, na prática, funciona como um fundo DI no Brasil, seguindo a taxa básica de juros) voltou a ter mais apelo, assim como outros produtos de renda fixa.
O comportamento mais cauteloso também se refletiu na lista de ETFs, fundos de gestão passiva que seguem algum índice da bolsa, seja de renda fixa ou variável. O ranking teve forte presença de fundos de renda fixa. No entanto, Castro Alves destaca que os fundos que seguem ativos como ouro e prata ganharam mais apelo devido a uma valorização desses ativos. O especialista destaca, no entanto, que nem sempre esse é um comportamento positivo por parte do investidor.
“Nos ETFs vemos uma busca por ativos de renda fixa, mas tivemos procura por ouro e prata. E isso vai muito em linha com uma mentalidade do varejo que é a de comprar algo que está subindo porque acredita que vão subir mais, mas nem sempre acontece”, afirma.
ETFs americanos mais investidos pelos brasileiros em abril
É importante lembrar que os Estados Unidos estão com juros em patamares recordes, o que faz com que muitos ativos de renda fixa estejam atrativos. Portanto, um comportamento mais cauteloso deve continuar sendo visto por parte dos investidores brasileiros nos EUA.
Fundos americanos favoritos dos brasileiros em abril
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