Por Valor, com agências internacionais — Washington
09/05/2023 20h41 Atualizado há 12 horas
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e os líderes do Congresso americano se enfrentaram sobre o impasse do limite da dívida americana nesta terça-feira (9), em uma reunião sobre o tema que terminou sem nenhum avanço. No entanto, Executivo e Legislativo concordaram em se reunir novamente nesta semana para tentar evitar o risco iminente de um calote sem precedentes do governo dos EUA.
Falando na Casa Branca, Biden descreveu as negociações como “produtivas”, embora o presidente da Câmara, Kevin McCarthy, tenha dito, após a reunião no Salão Oval, que “não viu nenhum novo movimento” para resolver o impasse.
Leia mais: Presidente da Câmara dos EUA não vê ‘movimento’ no teto da dívida após encontro com Biden
O líder democrata na Câmara, Hakeem Jeffries, disse que os legisladores e suas equipes continuariam as discussões já na noite desta terça-feira sobre o orçamento federal anual com o incentivo de Biden. O presidente e os líderes do Congresso devem se reunir novamente na sexta-feira (12).
Após a discussão de uma hora no Salão Oval, Biden disse estar “absolutamente certo” de que o país poderia evitar um calote, declarando que o não cumprimento das obrigações dos Estados Unidos “não é uma opção”.
Pressão dos republicanos
Os republicanos foram à Casa Branca na esperança de negociar cortes radicais nos gastos federais em troca de permitir novos empréstimos para evitar a inadimplência. Biden, por outro lado, reforçou sua oposição a permitir que toda a fé e o crédito do país sejam “reféns” das negociações — ao mesmo tempo em que afirma sua disposição de negociar o orçamento somente depois que o calote não for mais uma ameaça.
“Eu disse aos líderes do Congresso que estou preparado para iniciar uma discussão separada sobre meu orçamento, prioridades de gastos, mas não sob a ameaça de inadimplência”, disse Biden. O presidente americano descreveu o tom da reunião como “muito comedido e discreto”.
McCarthy confirmou que Biden orientou suas equipes para continuar as discussões, e que os próprios líderes se reuniriam novamente na sexta-feira na Casa Branca.
Embora Biden tenha descartado a inadimplência, ele também rejeitou a tentativa de impedi-lo unilateralmente, dizendo que não acreditava na invocação da 14º A emenda da Constituição dos EUA, que diz que a validade da dívida federal não deve ser questionada.
Consequências do calote
Antes da reunião na Casa Branca, tanto McCarthy quanto a secretária de imprensa da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, insistiram que seria simples evitar a inadimplência, desde que o outro lado capitulasse. O abismo entre essas posturas opostas fomentou a incerteza que agita os mercados financeiros e ameaça se transformar em um maremoto que pode inundar a economia do país.
A inadimplência, dizem as autoridades, teria impactos abrangentes, ameaçando interromper os pagamentos da Seguridade Social aos aposentados, desestabilizar os mercados globais e levar o país a uma recessão potencialmente debilitante.
Queda de braço
No mês passado, os republicanos da Câmara aprovaram um projeto de lei para cortar gastos, uma oferta inicial nas negociações. Mas essa legislação não tem chance no Senado democrata e a Casa Branca ameaçou vetá-la. Os republicanos esperam que o projeto de lei atinja US$ 4,5 trilhões em economia por meio de cortes nos gastos, eliminando incentivos fiscais para investir em energia limpa e revertendo os planos de Biden de reduzir o ônus da dívida de empréstimos estudantis.
“Nós dois dissemos que a inadimplência não é uma opção, mas apenas um de nós agiu”, disse McCarthy, referindo-se ao projeto de lei da Câmara.
Já pensando na reunião, Biden irá na quarta-feira (10) ao condado de Westchester, em Nova York, onde planeja fazer um discurso sobre como os cortes de gastos aprovados pelos republicanos da Câmara podem prejudicar professores e idosos que precisam de ajuda alimentar e veteranos que procuram assistência médica.
Fonte: Valor Econômico

