Após o UBS absorver as operações do Credit Suisse no Brasil, que era maior no país do que o seu par suíço, o grupo tem investido no avanço regional na área de fortunas e não descarta a hipótese de fazer aquisições para ampliar o tamanho da unidade UBS Consenso, de gestão de patrimônio.
O UBS inaugurou um escritório em Porto Alegre (RS) na semana passada e não deve parar por aí, com praças como Belo Horizonte, Goiânia, Florianópolis e Cuiabá no seu plano de expansão orgânica, segundo o Valor apurou.
O banco já tem presença física em São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Curitiba e conta com profissionais destacados para fazer prospecção e atender em outros mercados considerados estratégicos, como Recife, Distrito Federal, Belo Horizonte, Goiânia e Espírito Santo.
Estima-se que o UBS tenha cerca de US$ 275 bilhões em ativos de clientes na América Latina, com o Brasil responsável por um pedaço grande disso. Globalmente, o UBS tem US$ 6,6 trilhões em ativos investidos, com a unidade de gestão de riqueza (GWM) com o equivalente a US$ 4,5 trilhões.
Concluídos os ritos da aquisição global do Credit Suisse, no Brasil o grupo financeiro tem colocado esforços em fazer conexões regionais com o banco global. Busca uma maior proximidade com famílias e indivíduos de alto patrimônio em bolsões de criação de riqueza fora do eixo Rio-São Paulo. Só no seu multifamily office UBS Consenso, teria atingido cerca de R$ 100 bilhões no Brasil e este é um cliente que demanda um atendimento mais personalizado.
Marcello Chilov, principal executivo (CEO) da unidade de gestão de riqueza global para América Latina, admite, em conversa com o Valor, haver planos de crescimento para além do escritório recém-inaugurado em Porto Alegre, mas diz não poder abrir em quais regiões pretende fincar a sua bandeira no país. A ideia é, sim, estar fisicamente mais perto do cliente.
“Por que estamos abrindo escritórios num mundo tão tecnológico, em que a inteligência artificial permite, via ‘robot-advisor’, até a sugestão de alocação para os portfólios? Por mais contraditório que pareça, no mundo do wealth não é”, diz Chilov. “O cliente necessita de opções muito customizadas, tratar de assuntos sensíveis como sucessão e outras questões familiares.”
O executivo cita que tudo parte do planejamento financeiro, olhando as estruturas de investimento familiares, a composição dos principais núcleos e só estando muito próximo para levar soluções para a necessidade de cada grupo econômico.
“A gente quer expandir a marca para todo o Brasil. Há vários ‘Brasis’ diferentes, é importante estar com escritórios fora das principais praças”, diz Chilov. “Por que Porto Alegre? Porque representa 6% do PIB, é o quinto maior Estado do país, tem um potencial de crescimento gigantesco.”
Sob o mandato dele também há planos de expansão inorgânica, principalmente na divisão UBS Consenso, de gestão de patrimônio, em que a custódia dos ativos não necessariamente fica com a instituição. “É um braço em que claramente analiso possibilidades de aquisição para aumentar os ativos sob gestão. Esse é um mercado muito fragmentado, há espaço, portanto, para consolidação”, diz Chilov.
Com as altas taxas de juros e a concorrência com títulos bancários isentos de Imposto de Renda para a pessoa física, alguns negócios de gestão de riqueza independentes, os chamados multifamily offices (MFO), ficaram sob pressão nos últimos anos. Mas olhando à frente, o Brasil tem muitas possibilidades de crescimento, dado o novo cenário geopolítico e por ser um grande competidor em energia, commodities e pelas oportunidades em infraestrutura, diz o executivo do UBS.
“Se faço uma aquisição e ela se junta ao ecossistema global, o banco dá acesso a uma infraestrutura gigantesca”, diz Chilov, listando investimentos alternativos, renda fixa internacional e opções ligadas ao universo da tecnologia em diversos centros de negócio. No casamento com a divisão de banco de investimento, também entram no cardápio operações de hedge, empréstimos a custos mais baratos em diferentes moedas, além das operações de mercado de capitais.
O acordo fechado no início do ano para a compra de fatia da Yvy Capital, gestora de alternativos do ex-BNDES Gustavo Montezano e do ex-ministro da Economia Paulo Guedes, conversa com os planos do UBS de dar na outra ponta opções aos investidores. “Foi uma oportunidade de investimento que traz um conteúdo diferente, de um ‘player’ que está posicionado no Brasil para explorar o que há de melhor em geração de energia, no agronegócio e na infraestrutura.”
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Fonte: Valor Econômico

