15 Jun 2023 BEATRIZ BERGAMIN A. CAPIRAZI, ALINE BRONZATI e GABRIEL BUENO DA COSTA
Em decisão unânime, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) manteve ontem os juros entre 5% e 5,25% ao ano, interrompendo uma sequência de dez elevações desde março de 2022. O colegiado sinalizou, porém, que mais algum aperto das taxas poderá ser “apropriado” até o fim do ano.
Depois da reunião, o presidente do colegiado, Jerome Powell, afirmou que, a despeito de sinais de desinflação em alguns setores da economia nos EUA, ainda há riscos de alta para a inflação do país. “Sempre dissemos e acreditamos que o processo de redução da inflação será gradual, levará algum tempo”, afirmou ele, acrescentando que o BC dos EUA busca uma “evidência digna de crédito” de que a inflação passou o pico e está caindo.
A decisão do Fed vem na esteira do anúncio da inflação ao consumidor em maio, que ficou em 0,1%, puxado pela queda nos preços de alimentos e combustíveis. No acumulado dos 12 meses anteriores, o índice acumula agora variação de 4%, ante 8,6% um ano atrás. Ainda assim, o BC americano ressaltou que a meta para os preços continua sendo de 2%. “Quase todos os participantes do comitê esperam que seja apropriado aumentar um pouco mais as taxas de juros até o fim do ano”, acrescentou ele.
Altas taxas de juros nos Estados Unidos têm efeito em todo o mundo, inclusive no Brasil, ao diminuir a atratividade de empréstimos e investimentos em outros países. Analistas destacam também que, com um aperto menor da política monetária, são menores as chances de uma desaceleração mais forte da economia americana – o que também teria impacto em outros mercados.
Powell disse que há “benefícios” em fazer uma pausa no processo de aperto monetário, apesar de ainda ver riscos de alta na inflação do país. Segundo ele, isso dá mais tempo para que a autoridade monetária avalie o efeito da subida de juros na maior economia do mundo e que não passe da conta na dosagem do remédio para combater o elevado custo de vida dos americanos. “Idealmente, com um pouco mais de tempo, não passaremos do ponto do nível de aperto a que precisamos chegar.”
SEM CORTES. Powell descartou um corte de juros neste ano, considerando um cenário de um mercado de trabalho apertado e riscos de alta para a inflação do país. Segundo ele, um movimento nesta direção pode ser adequado “em alguns anos”.
“Será apropriado cortar as taxas no momento em que a inflação estiver caindo de forma realmente significativa. Estamos falando de alguns anos. Nenhum dirigente do comitê previu corte de taxa neste ano, nem acho que seja apropriado pensar sobre isso.” •
Efeito Taxa de juros alta nos EUA diminui atrativos para investimentos em outros países do mundo
Fonte: O Estado de S. Paulo

