Maior laboratório farmacêutico do Brasil adquiriu a empresa sérvio-eslovena Lifemedic, por R$ 50 milhões.
Por Cristiane Barbieri
Maior laboratório farmacêutico do País, a EMS adquiriu a empresa sérvio-eslovena Lifemedic, por R$ 50 milhões. O movimento marca o avanço do grupo no Leste Europeu, onde entrou em 2017 com a aquisição da estatal Galenika, na Sérvia, por 46,5 milhões de euros (cerca de R$ 250 milhões). No início do ano, a empresa brasileira anunciou investimentos de R$ 195,3 milhões na empresa, até 2025, após ter colocado R$ 10 milhões na operação, nos últimos cinco anos. Os recursos destinados à aquisição, no entanto, estão fora do pacote previsto inicialmente. Segundo Ricardo Marques, presidente da Galenika, a reorganização da empresa tem sido uma experiência transformadora – literalmente.
“Foi um choque: vim da empresa líder de um mercado de 200 milhões de pessoas (a EMS) e que acompanha indicadores de eficiência diários, para trabalhar em outra cujos computadores eram de 1978 e que nem tinha departamento de marketing”, diz. “Não conseguiríamos mudar tudo em três ou quatro meses, até porque estávamos sob os olhos do governo, mas fomos aos poucos fortalecendo a companhia que caminha para ser a líder de mercado.”
Galenika, empresa de marcas fortes na península dos Bálcãs
Com quase 80 anos, a Galenika foi a última estatal privatizada na Sérvia, país que fazia parte da socialista Iugoslávia. Ao vencer a disputa pela empresa com outros três laboratórios internacionais, a EMS adquiriu uma fabricante renomada, com marcas fortes e conhecidas nos países da península dos Bálcãs.
A fabricante, porém, estava falida, tinha parques fabris na Sérvia e em Montenegro sucateados e empregava 1,6 mil pessoas, sendo muitas famílias inteiras e diversas sem função. “Passamos por um período probatório após a privatização que tinha três condições: tínhamos de fazer investimentos, não fechar a empresa e não demitir”, afirma Marques.
Porém, a EMS poderia fazer um programa de demissões voluntárias. Segundo ele, o pacote foi atraente, muitos aderiram, mas outros tantos quiseram se adaptar aos padrões de trabalho da nova gestão. Hoje, a empresa conta com 800 funcionários e, das cinco fábricas, apenas uma foi mantida e outra, nova, inaugurada. Quatro foram fechadas.
De acordo com Marques, não houve protestos ou greves quando as mudanças começaram. “Na verdade, nos preocupamos em proteger a marca, de forma que as pessoas sentissem que a Galenika continuava a fazer parte da Sérvia”, afirma. “Consumidores, farmacêuticos e médicos nos receberam bem quando perceberam que a empresa, até então abandonada, estava de volta e com força renovada.”
EMS investiu em treinamentos dos funcionários e intercâmbio com o Brasil
Foram necessários treinamentos intensos dos funcionários, investimento em tecnologia e intercâmbios com o Brasil. O mais fácil, diz ele, foi a montagem do departamento de marketing e vendas, que até então não existia. Já a parte fabril e de gestão precisou de muita adaptação. A empresa se paga desde o segundo ano em que a EMS assumiu a operação.
Este ano, a Galenika deverá faturar cerca de 120 milhões de euros, com crescimento de 12% sobre o ano anterior. A aquisição da Lifemedic não entra nessa conta. A companhia importa e distribui produtos naturais da farmacêutica italiana Pharmalife Research nos mercados da Sérvia, Bósnia e Herzegovina, Macedônia do Norte e Montenegro. No ano passado, a Lifemedic faturou quase R$ 30 milhões, chega a 5 mil farmácias e a 6 mil médicos nesses países.
“Para se tornar a primeira do mercado, a Galenika precisa de produtos e teremos uma grande alavancagem com a Lifemedic”, afirma Marques. Segundo ele, a empresa, que ocupava a terceira posição do mercado, já se tornou a segunda e caminha rapidamente para se tornar maior empresa do país. “O valor da companhia mudou completamente”, afirma.
Fonte: Estadão