Os fundos de infraestrutura sofreram com o aumento dos prêmios de risco em outubro, mas em novembro atingiram alguma estabilidade e, em dezembro, já estão com um desempenho melhor, na avaliação de Fayga Czerniakowski Delbem, sócia e superintendente de crédito core da Itaú Asset. Segundo ela, os sinais de equilíbrio neste mês levam o mercado a um ponto de partida melhor em 2026.
Em painel hoje no evento ‘Perspectivas 2026’, organizado pela Itaú Asset, ela explicou que, depois que a medida provisória que tributava as debêntures incentivadas caducou no Congresso, houve em outubro um descompasso entre oferta e demanda, “com poucos vendedores acessando bastante o mercado para se desfazer de ativos”, o que levou ao aumento de 0,5 ponto percentual dos spreads (diferença entre a taxa paga pelo papel e o título público de referência, neste caso, as NTN-Bs).
Com isso, a média saiu de NTN-N menos 0,5 para NTN-B, o que compensando a isenção fiscal correspondia a algo entre 1,5% e 2%. Agora, a média está entre 2% e 2,5%. “Com seletividade, ainda faz sentido. Mas é preciso dimensionar bem a classe na carteira”, ponderou Delbem.
De acordo com a sócia, fundos de infraestrutura são investimento de longo prazo e o investidor não deve sair da classe por causa da piora dos resultados nos últimos meses. “Os fundos sofreram, mas não houve um evento de crédito. Foi um descasamento técnico de fluxo. Se ele sai logo após, deixa na mesa a chance de recuperar e já temos visto fundos como um todo rodando bem em dezembro.”
Já no crédito privado não incentivado, Delbem ressaltou que os spreads (diferença para o CDI) na prática se aproximaram do patamar visto antes da instabilidade de dezembro de 2024, quando estavam perto de 1% e encerraram o ano a 1,3%. Agora, comentou, estão a CDI mais 1,10%, em média. “Se olharmos numa janela de 12 meses temos estabilidade.”
Ela frisou que no segundo semestre o mercado teve eventos pontuais em empresas, “mas não relacionados entre si”. “Foram diferentes razões, como alavancagem e governança, mas não é algo sistêmico ou que gere preocupação para o investidor em relação a contaminação”, assegurou. A superintendente de crédito core da Itaú Asset ponderou, porém, que o ambiente de juros mais altos gera necessidade de cautela e seletividade.
“Não vamos para 2026 com um movimento de fechamento de spreads. Esperamos uma certa estabilidade com alguma volatilidade, porque também não vemos abertura forte”, previu. Delbem comentou que os casos de emissores que têm mais desafios em seus balanços já estão precificados e, além disso, os fundos estão com alta liquidez, o que permite aproveitar oportunidades em ambientes voláteis.
“A volatilidade traz mais oportunidades no mercado secundário, então a gestão ativa vai ser o carro-chefe em 2026, para obter melhores resultados”, avaliou. No mercado primário, a sócia da Itaú Asset afirmou que o olhar é maior para as ofertas privadas, em que a asset consegue melhores taxas.
Fonte: Valor Econômico