André Esteves, chairman e sócio do BTG Pactual, defendeu a política fiscal do governo brasileiro e criticou o debate atual sobre o mesmo tema nos EUA. Em evento em São Paulo da iniciativa Bloomberg New Economy, que reúne líderes políticos e empresariais para discutir soluções inovadoras e sustentáveis para a economia global, Esteves não só afirmou que o Brasil tem avançado na criação de um arcabouço fiscal como pontuou que o tema pouco aparece nas campanhas da eleição americana.
Segundo ele, os mercados brasileiros estão mais pessimistas do que é o estado real da economia. Esteves comentou que o PIB vai crescer 3,1% este ano, sem problemas na balanço externa e com as expectativas de inflação um pouco acima da meta. Ele admitiu que falta confiança dos mercados nos resultados fiscais de longo prazo, mas disse que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem feito um bom trabalho em criar uma estrutura fiscal que traga estabilidade. E lembrou que o rating do Brasil foi elevado recentemente por duas agências.
Para o chairman do BTG, o Brasil tem aprovado reformas estruturais importantes nos últimos anos, como a trabalhista no governo Temer, a previdenciária na administração Bolsonaro e a tributária agora na gestão Lula. Questionado especificamente sobre quais seriam os principais erros do atual governo, ele tergiversou e disse que ainda é cedo para fazer essa avaliação. “Honestamente, acho que o governo está fazendo um bom trabalho para o fiscal”, comentou.
Ainda assim, ele disse que preferia ter um fiscal mais apertado, em vez de uma política monetária mais restritiva. Segundo ele, o Brasil construiu uma rede se proteção social fantástica nas últimas décadas, mas com o desemprego nas mínimas históricas, talvez seja o momento de rever algumas dessas medidas “e levar as pessoas de volta para o mercado de trabalho”.
Para o banqueiro, a transição de comando no Banco Central deve ser tranquila. Ele elogiou Roberto Campos Neto, mas comentou que a credibilidade não é só dele, e sim da instituição. “Por quase três décadas, tivemos um BC que na prática é independente”, comentou, afirmando que o próximo presidente, Gabriel Galípolo, deve manter essa tradição e tomar decisões técnicas.
Novamente questionado sobre o que poderia ser feito para melhorar o ambiente de negócios e facilitar os investimentos estrangeiros no país, Esteves lembrou que nos últimos 20 anos o investimento direto no país (IDP) no Brasil esteve entre os cinco maiores do mundo.
Fonte: Valor Econômico
