Acionista minoritário da empresa rival, o dono da EMS quer indicar um nome para o conselho de administração do grupo e sugeriu que o investidor Lirio Parisotto poderia representá-lo
A disputa entre os empresários João Alves de Queiroz Filho, fundador da Hypera, e Carlos Sanchez deve escalar na farmacêutica, apurou o Valor com fontes a par do assunto. Acionista minoritário da empresa rival, o dono da EMS quer indicar um nome para o conselho de administração do grupo e sugeriu que o investidor Lirio Parisotto, também com uma pequena participação no negócio, poderia representá-lo na companhia, segundo interlocutores.
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Nas últimas semanas, Junior, como Queiroz Alves é conhecido no mercado corporativo, e a Votorantim elevaram participação na Hypera para blindar o grupo de uma oferta hostil por parte de Sanchez. A EMS apresentou uma proposta de fusão com a concorrente em outubro do ano passado, mas o fundador do negócio rechaçou a proposta.
Desde então, o que se viu foi uma ofensiva de Sanchez sobre a concorrente, e a discussão que se coloca na mesa é se o movimento, para além da rivalidade e estratégia do empresário dono da EMS, resvala sobre o fato de uma concorrente querer ter voz no negócio do rival.
Por isso, esse deve ser o próximo passo de Junior em sua estratégia de blindar a Hypera de uma nova investida de Sanchez, ou seja, buscar medidas para que o controlador da EMS não tenha poder de voto nos assuntos da empresa.
O caso remete à CSNCotação de CSN e à UsiminasCotação de Usiminas, que teve desdobramentos na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). O grupo de Benjamin Steinbruch começou a comprar participação na siderúrgica mineira, primeiramente como objetivo de obter o controle. Depois que teve seus planos frustrados, o empresário começou a pleitear direitos políticos na concorrente. O órgão antitruste decidiu que a CSNCotação de CSN perderia seus direitos políticos na UsiminasCotação de Usiminas e determinou que o empresário venda suas ações na companhia, o que de fato ainda não aconteceu.
“É como se o BradescoCotação de Bradesco quisesse ter influência no ItaúCotação de Itaú”, disse uma pessoa a par do assunto. A empresa, segundo uma fonte, está aguardando os próximos passos para saber quais medidas legais cabíveis tomar.
A investida de Carlos Sanchez na concorrente tem ocorrido nos últimos meses — o empresário afirmou, no ano passado, que tinha a intenção de criar a maior empresa farmacêutica em receita do país.
O Valor apurou que o nome de Lirio Parisotto, empresário do setor petroquímico e investidor em bolsa, foi apresentado extraoficialmente por Sanchez para compor o colegiado da Hypera. Uma fonte a par do assunto afirmou que a formalização para que Parisotto possa compor o conselho poderá ser feita nos próximos dias. Fontes afirmam que ele tem 1,5% de participação na Hypera.
Procurados, Parisotto e Sanchez não retornaram os pedidos de entrevista até o fechamento desta nota.
No dia 11 de março, a Votorantim elevou de 5% para 11% a fatia na Hypera. O conglomerado dos Ermírio de Moraes está alinhado com Junior na tentativa de barrar as intenções de Sanchez de ter voz na companhia.
Juntos, Junior, com 27%, Votorantim, com 11%, e a mexicana Maiorem, somam cerca de 50% companhia e já costuraram um acordo de acionistas. O fundador também quer voltar a ter assento no conselho da sua companhia, conforme consta na proposta da administração para a Assembleia Geral Ordinária (AGO).
Fonte: Valor Econômico