A Gol está negociando com seus credores financeiros vários caminhos para solucionar sua alavancagem. Entre as opções citadas, está um aporte para financiar suas operações. “A Gol está em discussões com seus [credores] sobre diversas opções que tragam maior flexibilidade financeira, incluindo capital adicional para financiar as operações”, informou a companhia, por meio de nota.
A possibilidade de pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos também está na mesa, segundo fontes. A companhia aérea, que em dezembro contratou a Seabury, consultoria americana, tem um endividamento de R$ 20,2 bilhões, o que representa 4 vezes o Ebitda.
O capítulo 11 da Lei de Falências americana, o equivalente à recuperação judicial brasileira, é visto por especialistas como o caminho mais viável para a Gol.
Felipe Bonsenso, advogado especializado em aviação do escritório Bonsenso Advogados, lembra que a Gol tem um volume pequeno de credores, e que uma negativa por parte deles inviabiliza uma reestruturação. Além disso, a companhia já havia feito uma negociação com os credores na época da pandemia, quando havia mais disposição dos arrendadores em negociar, até porque a procura por voos era baixa.
“Hoje, o cenário é outro. Há uma demanda de aeronaves, com filas de espera. Se houver devolução, há outras companhias querendo essas aeronaves”, disse o advogado.
O capítulo 11 é visto com uma opção interessante porque várias outras companhias aéreas com Latam e American Airlines conseguiram se recuperar após pedir RJ nos Estados Unidos. Lá os prazos são maiores em relação ao Brasil. O período de suspensão das ações e execuções é de 120 dias nos EUA, enquanto no Brasil é de 30 dias.
“Nos Estados Unidos, há mais segurança jurídica, as regras do [capítulo 11] são mais sólidas e seguras, muito mais testadas e com precedentes”, disse Bonsenso.
Além de realizar voos internacionais, mesmo que em pequena escala, a Gol tem dívidas, cujos credores são estrangeiros, e também possui subsidiárias que foram os veículos financeiros para a captação de dívida. Por isso, se enquadra nas regras da lei americana.
A Azul também contratou a Seabury e cogitava pedir recuperação judicial nos Estados Unidos. Mas, em outubro, conseguiu renegociar seu passivo, nem necessidade de recorrer ao capítulo 11. Mas a situação da Azul era melhor, tanto em relação ao perfil do passivo quanto ao modelo operacional.
Fonte: Valor Econômico

