Mesmo após a forte valorização das ações de bancos e do setor de utilidades públicas ao longo deste ano, o cenário ainda favorece empresas grandes e líquidas, avalia o sócio e cogestor do fundo de ações da JGP, Fábio Fonseca. Segundo ele, a aversão ao risco no Brasil no fim de 2024 abriu oportunidades em setores considerados de alta qualidade, que ficaram excessivamente descontados.
“No início do ano, trocamos boa parte da carteira, se não quase toda, por ativos que consideramos de altíssima qualidade, alta liquidez e elevada previsibilidade”, afirma o gestor. Hoje, a casa mantém cerca de 60% do portfólio em bancos e empresas de energia, com destaque para Itaú, Equatorial, Energisa, Eneva e Copel.
Com resultados corporativos surpreendentemente fortes mesmo com a Selic ainda elevada, Fonseca defende que não é preciso correr riscos exagerados para obter retornos atrativos. “Esses dois setores continuam oferecendo o melhor risco-retorno na bolsa hoje. Eles seguem com um valuation aceitável, razoável, e ainda permitem mudar de posição caso o cenário se altere”, explica.
A imprevisibilidade do mercado doméstico também pesa a favor de empresas mais consolidadas, observa o profissional. As incertezas em torno do quadro eleitoral, de uma possível bolha de inteligência artificial ou de algum evento geopolítico capaz de alterar a percepção de risco permanecem elevadas. Por isso, manter ações de alta liquidez também se torna uma estratégia vantajosa.
“Não é sempre que você consegue dizer que pode ter uma carteira superconcentrada em ativos líquidos, de qualidade, com bons resultados e ainda assim obter retornos relevantes. Isso não costuma acontecer em momentos de bull market.”
Fonte: Valor Econômico

