A Agência Internacional de Energia (AIE) elevou sua previsão para o crescimento da demanda de petróleo deste ano, mas reduziu ligeiramente as estimativas do próximo ano, citando o impacto da desaceleração econômica da China no consumo.
A organização sediada em Paris prevê que a demanda global cresça em 921 mil barris por dia em 2024, de 862 mil barris por dia anteriormente, em grande parte devido a entregas de gasóleo mais fortes do que o esperado nos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). As estimativas de crescimento para 2025 foram ligeiramente reduzidas para 990 mil, de 998 mil barris por dia.
Isso marca uma forte desaceleração do crescimento de cerca de 2 milhões de barris por dia visto no ano passado, agora que o aumento da demanda pós-pandemia diminuiu e a rápida implementação de tecnologias de transporte de energia limpa está moderando o crescimento do consumo de petróleo.
“A desaceleração acentuada da China tem sido o principal entrave à demanda, com seu crescimento este ano esperado para uma média de apenas um décimo do aumento de 1,4 milhão de barris por dia em 2023”, disse a AIE.
A demanda chinesa caiu em 70 mil barris por dia no ano em setembro — a sexta contração mensal consecutiva este ano. A agência disse que espera que o país registre um crescimento de demanda de 140 mil barris por dia no quarto trimestre e 190 mil barris por dia em 2025, abaixo das estimativas anteriores de crescimento de 220 mil barris por dia.
A demanda global total ainda deve ter uma média de 102,8 milhões este ano e 103,8 milhões de barris por dia no próximo.
As projeções da agência ainda são substancialmente menores do que as da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). O grupo reduziu sua previsão no início desta semana pelo quarto mês consecutivo, mas ainda vê o crescimento da demanda em níveis robustos de 1,82 milhão de barris por dia este ano e 1,54 milhão de barris por dia no próximo.
O relatório de quinta-feira veio enquanto os preços do petróleo continuam a ser pressionados por uma perspectiva negativa de demanda e perspectivas de um excedente de oferta no próximo ano. O petróleo Brent atualmente é negociado em torno de US$ 72 o barril, enquanto o indicador de petróleo dos Estados Unidos, West Texas Intermediate, está em torno de US$ 68 o barril.
Enquanto isso, a oferta mundial de petróleo aumentou em 290 mil barris por dia em outubro, disse a AIE, já que o retorno dos barris líbios ao mercado compensou os menores suprimentos cazaques e iranianos. A oferta total é vista em uma média de 102,9 milhões de barris por dia este ano e 105 milhões de barris por dia no próximo ano.
A produção de países não pertencentes à Opep e seus aliados (Opep+) foi mista no mês passado, com os Estados Unidos atingindo novos recordes e a produção brasileira ficando aquém das expectativas. O crescimento da oferta fora da Opep+ ainda é projetado em 1,5 milhão de barris por dia em 2024 e 2025, impulsionado pelos Estados Unidos.
Enquanto isso, a produção da Opep+ deve cair em 820 mil barris por dia este ano e aumentar em 560 mil barris por dia no ano que vem.
No início deste mês, a Opep e seus aliados estenderam cortes voluntários de produção de 2,2 milhões de barris por dia até o final de dezembro em meio a preocupações com demanda mais fraca e preços mais baixos. O aumento planejado da produção — originalmente definido para começar em outubro de 2024 — já havia sido adiado por dois meses em setembro.
A produção bruta dos países membros da Opep+ aumentou em 25 mil barris por dia para 41,02 milhões de barris por dia em outubro, à medida que o fornecimento e as exportações de petróleo da Líbia retornaram ao mercado. Em vez disso, a produção cazaque caiu e os carregamentos de petróleo bruto iraniano foram contidos devido ao risco de ataques retaliatórios à infraestrutura energética por Israel.
O fornecimento dos 18 países da Opep+ sujeitos a cotas de produção ainda estava 720 mil barris por dia acima de uma meta implícita de 33,48 milhões de barris por dia, incluindo restrições extras prometidas pelo Iraque, Rússia e Cazaquistão, de acordo com cálculos da AIE.
O fornecimento de petróleo bruto da Rússia subiu para 9,2 milhões de barris por dia no mês passado. As exportações de petróleo caíram em 90 mil barris por dia para 7,3 milhões de barris por dia, mas a receita de exportação comercial aumentou em US$ 1,2 bilhão em comparação com o mês anterior, em parte devido aos preços mais altos.
Fonte: Valor Econômico

