10 Jan 2024 Coluna do Broadcast
A base acionária da Americanas após a capitalização de R$ 24 bilhões que a empresa deve receber não terá todos os bancos credores. Ao menos um deles, o BV (ex-Votorantim), não precisará converter dívidas em ações, porque terá reconhecida pela rede varejista uma compensação de créditos que realizou em janeiro do ano passado, entre a divulgação do rombo contábil e o momento em que Justiça concedeu a primeira proteção contra execuções de dívida, em fase anterior à recuperação judicial. Outros bancos, BTG Pactual e Bradesco entre eles, terão o montante de créditos reduzido pelo mesmo motivo. O acordo envolve depósitos que a empresa mantinha nos bancos e faz parte do plano de recuperação judicial da varejista, aprovado no fim do ano passado.
Compensações são de mais de R$ 1 bi
O BTG fez compensações de R$ 1,2 bilhão. Já o BV compensou do valor total que tinha a receber da rede, à época estimado em R$ 206 milhões. De acordo com fontes, o banco controlado pelo Banco do Brasil e a Votorantim é o único, entre os credores, que compensou todo o crédito.
Disputa marcou início das negociações
Essas compensações foram fonte da primeira disputa judicial com os bancos, no início de 2023. A Americanas informou o rombo em 11 de janeiro, e obteve proteção da Justiça no dia 13. Entre as duas datas, o BTG, o BV e outros bancos decretaram o vencimento antecipado de dívidas da companhia.
- EM CONTA. Para quitar os créditos, as instituições recorreram a depósitos que a Americanas tinha em cada uma delas. A empresa foi à Justiça, após obter a tutela antecipada, para retomar os recursos, alegando que as execuções fizeram o caixa minguar, acelerando a crise que a levaria à recuperação judicial.
- CONTRAPARTIDA. Os termos do plano aprovado em dezembro afirmam que todas as compensações serão reconhecidas no caso de credores que aderirem ao compromisso de não acionar a empresa judicialmente. Além disso, para cada R$ 1 compensado, os bancos terão de fornecer R$ 1 em linhas de crédito para que a Americanas antecipe recebíveis de cartão ou contrate créditos de fiança.
- VITÓRIA. Após uma negociação difícil com a empresa ao longo do ano passado, as instituições financeiras obtiveram outras vitórias. Uma delas foi a própria capitalização de R$ 12 bilhões pelo trio de acionistas de referência, formado por Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira.
- SUAVE. Outra vitória refere-se à restrição à venda das ações que os bancos passarão a deter: poderão vender 50% do total no dia seguinte à capitalização, enquanto o trio de acionistas de referência terá de manter integralmente as posições pelos três anos seguintes.
Fonte: O Estado de S. Paulo

