As bolsas de valores ao redor do mundo subiram nesta segunda-feira (**) diante de sinais de que eletrônicos de consumo importados da China para os EUA podem escapar das tarifas mais severas impostas por Donald Trump, trazendo algum alívio aos mercados financeiros após o tumulto da semana passada causado pela guerra comercial internacional.
Os contratos futuros que acompanham o S&P 500 e o Nasdaq 100, voltado ao setor de tecnologia, subiram mais de 1%, após a Casa Branca, na noite de sexta-feira, excluir smartphones e outros eletrônicos de consumo das tarifas pesadas anunciadas no início do mês — incluindo a tarifa de 125% aplicada sobre produtos chineses.
Na Europa, as ações também subiram: o índice de referência Stoxx Europe 600 avançava 2,1% ao meio-dia, enquanto o FTSE 100, principal índice da bolsa de Londres, registrava alta de 1,8%.
No domingo, Trump e o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, indicaram que os eletrônicos de consumo seriam submetidos a uma tarifa separada, voltada especificamente para semicondutores, que a Casa Branca está preparando.
Ainda não está claro qual será a alíquota sobre os chips, mas outras tarifas impostas pelo governo Trump a setores como aço e alumínio sugerem que essas novas cobranças poderão ser significativamente menores do que as atualmente em vigor contra a China.
“Os mercados estão se agarrando a qualquer sinal de alívio que possam encontrar”, disse Mitul Kotecha, chefe de estratégia macro para mercados emergentes do Barclays.
Em declarações feitas a jornalistas a bordo do Air Force One, no domingo, Trump afirmou que seu governo demonstraria “flexibilidade” em relação a alguns produtos e sinalizou que manterá conversas com empresas importantes para discutir as tarifas.
Questionado sobre qual seria a taxa para os semicondutores, ele respondeu que fará o anúncio “ao longo da próxima semana”.
As tarifas generalizadas de Trump, anunciadas durante um evento chamado “Dia da Libertação” no início do mês, causaram forte turbulência nos mercados financeiros e despertaram temores de uma recessão global. No entanto, as ações se recuperaram no final da semana passada, após a decisão de Trump de suspender por 90 dias as principais tarifas “recíprocas” para a maioria dos países, o que alimentou o otimismo de que o pior cenário poderia ser evitado.
A possibilidade de tarifas mais brandas sobre eletrônicos de consumo populares é vista como um alívio para a Apple e outros grupos de tecnologia que dependem fortemente de fábricas chinesas para produzir iPhones e outros dispositivos.
As ações da Apple saltaram quase 5% nas negociações pré-mercado.
“Talvez já tenhamos passado pelo pico do medo das tarifas”, afirmou Michael Metcalfe, chefe de estratégia macro da State Street Global Markets, acrescentando que as novas isenções representam “um recuo relativamente significativo” em relação ao nível de tarifas esperado até o final da semana passada.
Na Europa, as ações do setor de tecnologia estiveram entre as maiores altas, com as fabricantes de chips holandesas Besi e ASML subindo 3,7% e 2,8%, respectivamente.
Mas, como sinal de que os investidores continuam preocupados com a política instável de Trump e os efeitos das tarifas sobre a economia americana, o dólar estendeu sua queda nesta segunda-feira.
O dólar recuava 0,5% frente a uma cesta de moedas principais, incluindo o iene e a libra esterlina, à medida que os investidores seguem cautelosos em aumentar sua exposição a ativos dos EUA.
Analistas afirmam que os mercados estão sendo pressionados por sinais mistos: de um lado, um possível recuo dos EUA em relação às tarifas; de outro, as preocupações com os danos já causados à economia global.
“Trump está claramente voltando atrás”, disse Luca Paolini, estrategista-chefe da gestora suíça Pictet Asset Management. “Os mercados percebem que ele está desesperado para encontrar uma saída, mas os danos não podem ser totalmente revertidos.”
O rendimento dos títulos do Tesouro dos EUA com vencimento em 10 anos — que disparou na semana passada diante do pânico causado pelas tarifas de Trump sobre a China — caiu 0,06 ponto percentual, para 4,43%, à medida que o preço dos títulos se recuperava.
Os ativos considerados “portos seguros” permaneceram estáveis. O ouro atingiu um novo recorde histórico, a US$ 3.245,75 por onça troy nesta segunda-feira, antes de devolver parte dos ganhos, enquanto o iene japonês se valorizou 0,4% frente ao dólar, cotado a ¥143.
Os mercados na Ásia também se recuperaram: o índice Hang Seng de Hong Kong subiu 2,4%, o Nikkei 225 do Japão avançou 1,2% e o índice Topix ganhou 0,9%.
Na China continental, o índice CSI 300 teve leve alta de 0,2%, impulsionado por dados oficiais que mostraram um salto nas exportações da segunda maior economia do mundo no mês passado, com um movimento para adiantar envios antes da entrada em vigor das novas tarifas.
As exportações cresceram 12,4% em março, na comparação anual, em termos de dólares americanos, de acordo com dados da administração alfandegária da China divulgados nesta segunda-feira — muito acima das expectativas e representando o maior avanço desde outubro.
As importações caíram 4,3%, uma contração menos acentuada do que a queda de 8,4% registrada no período de janeiro a fevereiro.
Fonte: Financial Times
Traduzido via ChatGPT

