Empresa de planos de saúde vai atuar na construção, via negócio de investimentos imobiliários, e também operar o prédio
Por Ana Luiza Tieghi — De São Paulo
01/06/2023 05h00 Atualizado há um dia
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Eduardo Fonseca: “Estamos olhando o mercado de São Paulo, que tem bastante potencial” — Foto: Divulgação
A Unimed-RS será parceira da incorporadora ABF Developments, de Porto Alegre, em um residencial para idosos na cidade.
A empresa de saúde vai ser responsável pela operação do empreendimento, com serviço de hotelaria hospitalar, e também participa da concepção e da construção, por meio da RS Empreendimentos, sua empresa de investimentos. A RS tem 55% da Sociedade de Propósito Específico (SPE) e a ABF 45%.
Segundo Geison Tremea, superintendente-executivo da Unimed-RS, a RS foi criada para atuar em negócios não diretamente ligados a planos de saúde. É o primeiro investimento da companhia.
O prédio, que deverá ser lançado em março de 2024, terá elevador para macas, ponto de apoio de enfermagem em cada andar, piscina aquecida, restaurante e cinema.
O valor geral de venda (VGV) do prédio, chamado Magno Menino Deus, é estimado em R$ 100 milhões. Serão cerca de 200 unidades, vendidas como condohotel: os apartamentos ficarão em um pool de reservas e a rentabilidade será dividida entre investidores. Os proprietários não serão moradores. Eduardo Fonseca, CEO da ABF, diz que é previsto um rendimento de 0,8% a 1,1% ao mês, acima da média do aluguel residencial.
O projeto é de alto padrão e terá mensalidades de R$ 10 mil a R$ 20 mil. A ABF tem outros dois residenciais do tipo em construção. O primeiro, lançado há três anos, está com as 114 unidades vendidas e fica pronto no fim do ano. O segundo, de 132 unidades, foi lançado em 2022 e está 90% vendido. A administração de ambos não será da Unimed-RS, mas da São Pietro, que tem clínicas e hospitais.
A parceria com a Unimed-RS vem em um ano desafiador para novos lançamentos, afirma Fonseca. A companhia, que atua no médio e alto padrão, lançou R$ 600 milhões em VGV em 2022 e quer chegar perto disso neste ano, mas ainda há incerteza.
Agora, a expectativa da ABF e da Unimed-RS é ter outros projetos. Segundo Tremea, já existe público suficiente em Porto Alegre para mais cinco residenciais para idosos, e a demanda deve aumentar.
A ABF também estuda lançar residenciais na região metropolitana, como em Canoas, e em outras cidades gaúchas, caso de Gramado, Caxias do Sul, Pelotas e Santa Maria. A empresa não descarta outros Estados. “Estamos olhando o mercado de São Paulo, que tem bastante potencial”, diz Fonseca.
A RS Empreendimentos pode operar em outros Estados, mas a Unimed-RS, não. Seria possível fazer um projeto associado a outra Unimed, como a Mercosul, que atende a região Sul, diz Tremea.
A companhia tem interesse em explorar residenciais para idosos de outras classes sociais, mas o superintendente afirma esbarrar na dificuldade de viabilizar um atendimento que considera de acordo com sua marca a um preço menor.
A criação da RS veio da vontade da cooperativa de expandir os negócios além de planos de saúde, que estariam chegando em um limite de demanda. A empresa estuda investir na área de clínicas de diagnósticos e de hospitais, que também prestem serviço para terceiros. A Unimed-RS já tem negócios de transporte médico e distribuição de medicamentos.
Tremea afirma que médicos têm perfil de investidores imobiliários, então fazia sentido explorar o ramo. Segundo ele, o médico cooperado pode se beneficiar de várias formas: por meio da RS, já que a cooperativa é sócia da empresa, sendo investidor pessoa-física no residencial ou prestando serviços.
É uma via de mão-dupla. Os médicos também poderão indicar clientes, diz Fonseca. “É garoto-propaganda para nós”. Para Tremea, não há conflito de interesse. “No modelo da Unimed, o médico cooperado é dono do sistema que atende o cliente, aqui ainda temos a RS como intermediário”, diz.
Fonte: Valor Econômico