Por Bloomberg — São Paulo
16/05/2023 15h09 Atualizado há 18 horas
A secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, alertou que “o tempo está se esgotando” para evitar uma catástrofe econômica causada pelo fracasso em elevar o teto da dívida. O alerta veio antes de uma reunião nesta terça-feira (16) entre o presidente Joe Biden e líderes do Congresso sobre o impasse.
Na manhã desta terça, o porta-voz Kevin McCarthy disse que não houve “nenhum avanço” nas negociações durante a noite. Na segunda-feira, ele alertou: “Temos apenas alguns dias para tratar isso”.
Os dois lados mostraram poucos sinais de acordo além de contarem os minutos para o segundo confronto na Casa Branca sobre o teto da dívida em duas semanas. Enquanto autoridades negociam há dias, republicanos ainda pressionam por cortes de gastos radicais, enquanto democratas estão determinados a proteger as conquistas legislativas do presidente.
Segundo Yellen, já é possível observar o impacto dessa estratégia arriscada: “Os investidores ficaram mais relutantes em manter dívida do governo com vencimento no início de junho”, disse a secretária do Tesouro em comentários a uma conferência bancária na terça-feira. “O impasse já aumentou o peso da dívida para os contribuintes americanos.”
Yellen emitiu uma nova carta aos líderes do Congresso na segunda-feira, reafirmando que o Tesouro dos EUA corre risco de ficar sem dinheiro suficiente para todas as obrigações federais em 1º de junho. A subsistência de milhões de americanos “está na balança”, disse em trechos do discurso para o Independent Community Bankers of America Capital Summit divulgado pelo Tesouro.
“Cada dia que o Congresso não atua, estamos enfrentando custos econômicos crescentes que podem desacelerar a economia dos EUA”, disse Yellen.
Biden e McCarthy enfrentam um impasse desde janeiro sobre o aumento do limite de endividamento do governo, atualmente em US$ 31,4 trilhões. Economistas alertaram que um default dos EUA poderia desencadear uma onda vendedora no mercado, aumento nos custos de financiamento e um golpe na economia global que pode rivalizar com o “crash” de 2008.
McCarthy enfatizou que as reuniões entre as equipes “não são nada produtivas” e que as negociações “não estão em um bom lugar”.
A reunião desta terça-feira ocorre um dia antes da viagem de Biden para a Ásia, destinada a mostrar a determinação dos EUA em enfrentar a competição estratégica com a China. Autoridades da Casa Branca disseram na segunda-feira que os planos de participar da cúpula do Grupo dos Sete no Japão, com paradas em Papua Nova Guiné e na Austrália, não mudaram, apesar das negociações sobre a dívida em andamento.
Viagem de Biden
Perguntado se o presidente deveria ir para o exterior neste momento, McCarthy disse: “Acho que um presidente americano deve se concentrar nas soluções para a América. Acho que mostra seus valores e prioridades.”
Na semana passada, o deputado Dusty Johnson, de Dakota do Sul, um dos autores do projeto de lei da Câmara, disse que o Partido Republicano tem três linhas vermelhas: nenhum “aumento limpo” da dívida, nenhuma alta de impostos, e o PL deve reduzir o déficit.
Yellen, em seus comentários na terça-feira, fez advertências detalhadas sobre o impacto de não elevar o teto da dívida, como um default que “racharia as fundações” do sistema financeiro global. “É muito concebível que veríamos vários mercados financeiros quebrarem – com o pânico mundial desencadeando chamadas de margem”, retiradas e vendas apressadas de ativos.
Os pagamentos de beneficiários da Seguridade Social e benefícios de veteranos seriam suspendidos, acrescentou, causando “sofrimento generalizado”, enquanto operações essenciais como controle de tráfego aéreo, aplicação da lei, patrulhas de fronteira e defesa nacional poderiam ser interrompidas.
O Conselho de Consultores Econômicos estima uma crise econômica tão grave quanto a Grande Recessão de 2007-09, com mais de 8 milhões de empregos perdidos e queda de 45% no valor do mercado acionário.
Fonte: Valor Econômico

