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O mercado voltou a precificar três cortes de juros de 0,25 ponto percentual após a inflação americana divulgada ontem mostrar deflação no mês passado. O índice de preços ao consumidor (CPI em inglês) dos EUA caiu 0,1% em junho ante maio, quando a expectativa era de alta de 0,1%.
O dado mais fraco elevou o potencial de mais cortes nos juros pelo Federal Reserve (Fed, banco central americano). Em base anual, o CPI desacelerou de 3,3% para 3%, o menor nível desde junho de 2023. Já o núcleo do CPI, que exclui itens voláteis, recuou para seu menor nível desde 2021. O resultado derrubou o rendimento dos Treasuries e o dólar, mas não evitou um movimento de realização de lucros em Wall Street, que fez a Nasdaq recuar quase 2% depois de pregões de sucessivos recordes de alta.
Depois do CPI e da queda expressiva do dólar e dos rendimentos, o mercado passou a precificar o início dos cortes em setembro. Segundo o CME Group, 84% apostam em um primeiro corte em setembro, ante 69,7% antes do CPI. Já um segundo corte é visto majoritariamente em novembro, com 49,8% das apostas, ante 33% no dia anterior. E um terceiro corte em dezembro é esperado por 44,1% ante 26% anteriormente. O J.P. Morgan foi um dos bancos que mudaram sua expectativa de primeiro corte de dezembro para setembro.
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Seema Shah, estrategista-chefe da Principal Asset Management, acredita que a inflação de junho colocou o Fed em caminho para um corte em setembro. Mas faz um alerta: “O Fed ainda precisa reunir evidências adicionais de desaceleração nas pressões de preços para ter absoluta certeza do caminho da inflação. Em setembro, no entanto, eles provavelmente terão uma série de dados para apoiar uma redução nos juros”, disse.
“O CPI dos EUA ficou abaixo do esperado, o que deverá aumentar a confiança do Fed de que a inflação está no caminho de atingir de forma sustentável a meta de 2%. As probabilidades de corte nos juros em setembro estão aumentando, assim como a nossa crença de que o Fed irá cortar as taxas três vezes este ano”, disse James Knightley, economista-chefe internacional do banco ING. Segundo ele, a Conferência de Jackson Hole, no fim de agosto, seria o momento ideal para o Fed dar mais pistas que de que irá começar seu afrouxamento econômico.
A inesperada queda na inflação levou a presidente da distrital do Fed de San Francisco, Mary Daly, que afirmar que com a queda da inflação, provavelmente ajustes na política monetária serão necessários. Daly também alertou, contudo, que o progresso da desaceleração da inflação terá solavancos. Segundo ela, um ou dois cortes de juros seriam apropriados este ano, ressaltando que a inflação deve recuar lentamente ao mesmo tempo que o mercado de trabalho esfria.
Também ontem, a diretora do Fed, Lisa Cook, disse que a economia dos Estados Unidos deve enfrentar um “pouso suave”, com a inflação devendo avançar diretamente à meta de 2% sem provocar um aumento significativo na taxa de desemprego. No mesmo tom, o presidente da distrital de St. Louis, Alberto Musalem, projetou que a economia deve crescer de 1,5% a 2% este ano e que não vê recessão neste momento.
As declarações reforçaram o sentimento de que os cortes podem ocorrer já em setembro, ecoando o que presidente Jerome Powell disse em seu depoimento ao Congresso, de que o mercado de trabalho não está mais superaquecido, fazendo o dólar recuar para mínima de um mês e os retornos de curto prazo registrarem mínimas desde março. No fechamento, a taxa da T-note de 2 anos caía a 4,5%, de 4,637% no fechamento anterior. Já o da T-note de 10 anos recuava para 4,174%, de 4,290%. E o retorno do título de 30 anos caía a 4,385%, de 4,488%. Já o índice DXY, que mede a relação do dólar com uma cesta de seis moedas, recuava 0,65% a 104,40 pontos.
Hoje, os investidores ficarão de olho no índice de preços ao produtor de junho. Além do CPI, também foi divulgado ontem o relatório de seguro-desemprego da semana passada, que mostrou uma queda de 17 mil pedidos, para 222 mil, bem abaixo dos 236 mil esperados. “Este é um número inicial de pedidos de seguro muito mais baixo do que esperávamos, mas vários padrões sazonais podem ter atuado. Por si só, o feriado de 4 de julho pode ter deprimido os pedidos na semana”, explica Oliver Allen, economista-sênior da Pantheon Macroeconomics
A queda do dólar depois do CPI mais fraco provocou uma forte alta no iene, levantando suspeitas de que o Banco do Japão (BoJ) teria intervindo no câmbio. A moeda japonesa chegou a se valorizar mais de 2% e atingir a mínima de 157,407 logo após a inflação ser divulgada. Masato Kanda, do Ministério das Finanças japonês, disse que não estava em posição de dizer se ocorreu uma intervenção do governo para sustentar o iene.
Na renda variável, Wall Street registrou um dia de realização de lucros depois de sucessivos pregões registrando recordes de alta. Um dia depois de ultrapassar o importante nível psicológico de 5.600 pontos, o S&P 500 voltou a perder a posição, pressionado, junto com o Nasdaq, por um forte movimento de vendas de ações de empresas de tecnologia, principalmente as “big techs”. O índice Dow Jones conseguiu fechar com ligeira alta sustentado pela migração dos investidores que saíram das “sete magníficas” para as “small caps”.
No fechamento, o índice Dow Jones subiu 0,08% a 39.753,75 pontos, S&P 500 caiu 0,88% a 5.584,54 pontos e Nasdaq recuou 1,95% a 18.283,41 pontos. As “big techs” foram as grandes perdedoras do dia, com a Tesla caindo 8,44%, Nvidia com queda de 5,57% e Meta recuando 4,14%. Amazon, Apple e Google fecharam todas com perdas de mais de 2%.
Fonte: Valor Econômico

