Por Rita Azevedo, Valor — São Paulo
11/04/2024 15h37 Atualizado há 8 horas
O volume de ofertas no mercado de capitais brasileiro cresceu 90,7% no primeiro trimestre, para R$ 130,9 bilhões, segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). A captação foi recorde, segundo a entidade, e puxada pelo desempenho da renda fixa, especialmente as debêntures.
“Os fundos, que são os principais motores do mercado de capitais, captaram bastante, o que contribuiu para o resultado”, diz Guilherme Maranhão, presidente do Fórum de Estruturação de Mercado de Capitais da Anbima. “Esperamos que a melhora e a resiliência do mercado no primeiro trimestre permaneça pelo menos nos próximos meses.”
Fatores como a expectativa de queda da Selic e mudanças nas regras para emissão de certificados de recebíveis imobiliários e do agronegócio (CRI e CRA) impulsionaram as ofertas de debêntures, que somaram R$ 71,9 bilhões nos três primeiros meses do ano. Só em março, a emissão desses títulos chegou a R$ 41,1 bilhões — o maior volume mensal da série histórica da Anbima.
No total, foram 101 emissões concluídas de janeiro a março, sendo que 22 delas movimentaram a partir de R$ 1 bilhão. Os setores de infraestrutura (energia elétrica, transporte e logística, e saneamento) representaram quase 43,5% das ofertas e o prazo médio ficou em sete anos.
As debêntures incentivadas, especificamente, movimentaram R$ 19,9 bilhões de janeiro a março, o maior resultado para esse período do ano. Mais da metade do volume captado nos três primeiros meses de 2024 foi por empresas de energia, transporte e logística.
O volume movimentado com emissões de CRI e CRA mais do que dobrou no primeiro trimestre, em comparação ao mesmo intervalo de 2023. Os dados ainda não refletem as recentes mudanças nas regras para emissão desses papéis, segundo Maranhão.
“Muitas empresas já estavam com ofertas protocoladas e acabaram não sentindo o efeito das mudanças”, disse.
As emissões de CRI somaram R$ 15,07 bilhões no primeiro trimestre, ante R$ 5,75 bilhões no mesmo período do ano passado. Já os CRA chegaram a R$ 12,54 bilhões de janeiro a março. Nos mesmos meses de 2023, foram emitidos R$ 5,37 bilhões.
Na renda variável, quatro ofertas subsequentes de ações (“follow-on”) foram concluídas no primeiro trimestre de 2024, totalizando R$ 3,8 bilhões. No mesmo período de 2023, as ofertas desse tipo somaram R$ 3,9 bilhões. Não foram realizadas ofertas iniciais de ações (IPOs, na sigla em inglês).
Para Maranhão, do ponto de vista de precificação, um IPO não faz muito sentido para as empresas atualmente. Com o mercado de dívida fortalecido, é mais provável que as companhias olhem para a possibilidade de emitir um título de dívida do que para o “equity”, disse.
O principal “driver” para a retomada dos IPOs continua sendo a taxa de juros americana. “À medida que tiver um corte efetivo de juros, o pipeline deve ficar mais robusto” afirmou, ressaltando que hoje a Anbima não analisa nenhuma operação desse tipo. “Se os IPOS acontecerem serão no segundo semestre […] pessoalmente, acredito que há mais chance de serem três a cinco operações do que cinco a dez operações.”
Fonte: Valor Econômico
