Os Estados Unidos deram os primeiros passos para aliviar sanções que sufocaram as exportações de petróleo da Venezuela, e a produção do país pode aumentar em 200.000 barris por dia, um salto de 25%. Esse é o consenso entre vários analistas, se confirmada a eliminação da maior parte das restrições.
Segundo o anúncio, os EUA vão reduzir algumas sanções contra a Venezuela após o país sul-americano informar uma série de medidas que podem garantir a transparência das eleições no país. As suspensões podem ser revogadas a qualquer momento caso o governo de Caracas não cumpra com as obrigações.
A licença temporária emitida pelos EUA é de seis meses e permite negócios de empresas que atuam no país possam fazer negócios com o setor de petróleo e gás da Venezuela. O governo de Washington também irá permitir negócios com a Minerven, estatal de ouro venezuelana, que segundo o Departamento do Tesouro, ajudará a mitigar o mercado negro no país.
Ainda nesta quinta os EUA liberaram que investidores americanos comprem títulos de dívida da Venezuela pela primeira vez em quatro anos. Os bonds sobem acentuadamente.
Apesar de temporário, o alívio é um grande passo, que permitirá que entidades americanas comprem petróleo venezuelano pela primeira vez em anos e tornará as exportações mais palatáveis para o mercado global.
No entanto, resta saber a rapidez com que a produção do país pode aumentar e que efeito isso terá sobre o mercado global, que precisa de mais oferta à medida que aumentam as tensões geopolíticas.
A perspectiva de mais suprimentos da Venezuela, que é membro da OPEP e já foi a maior fornecedora externa das refinarias americanas, levou a um recuo das cotações de petróleo em Nova York e Londres nesta quinta-feira.
Alguns analistas preveem que a produção poderá aumentar rapidamente em 2024, e os mais otimistas esperam um aumento dentro de seis meses. Importações dos diluentes que o país precisa para misturar com o seu petróleo pesado serão fundamentais para ajudar a Venezuela a aumentar a produção. O ritmo final, no entanto, dependerá “de como for o pacote de flexibilização das sanções”, disse Fernando Ferreira, diretor do serviço de risco geopolítico da Rapidan.
O Departamento do Tesouro dos EUA anunciou o alívio das sanções na quarta-feira, em resposta à assinatura de um acordo eleitoral entre o governo de Nicolás Maduro e a oposição. As exportações de petróleo da Venezuela para os EUA foram interrompidas no início de 2019, quando o Tesouro americano impôs sanções à estatal Petróleos de Venezuela SA, conhecida como PDVSA. Naquela época, a Venezuela exportava quase 365.000 barris por dia para os EUA.
A produção atual da Venezuela é de cerca de 750.000 a 800.000 barris por dia. Não chega perto dos 3 milhões de barris por dia que faziam da Venezuela uma força global no mercado de petróleo na década de 90, mas já é bem mais do que os 374.000 a que chegou em meados de 2020.
As empresas que prestam serviços à PDVSA estão otimistas. Alguns preveem um aumento de 200.000 a 250.000 barris por dia já no próximo ano. Elas dizem que a recuperação dependerá mais de uma recuperação da infraestrutura em torno dos poços existentes.
“Podemos facilmente adicionar 200.000 a 250.000 barris por dia, porque já temos a infraestrutura instalada”, disse Alexis Medina, prestador de serviço a PDVSA e membro da Câmara Petrolífera da Venezuela. “A história prova isso.”
Fonte: Valor Econômico

