Os americanos gastaram um pouco mais no varejo no mês passado, proporcionando um pequeno impulso à economia, enquanto o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) avalia o grau de redução de sua taxa de juros principal.
As vendas no varejo subiram 0,1% de julho para agosto, após um aumento significativo no mês anterior, o maior em um ano e meio, informou o Departamento de Comércio nesta terça (17). Lojas online, de artigos esportivos e de jardinagem registraram vendas mais altas.
Os dados indicam que os consumidores ainda são capazes e estão dispostos a gastar mais, apesar do impacto cumulativo de três anos de inflação elevada e das taxas de juros mais altas implementadas para combater o aumento dos preços. Os salários médios, especialmente para americanos de baixa renda, também subiram acentuadamente desde a pandemia, o que permitiu que muitos continuassem gastando, mesmo com o aumento do custo de bens essenciais.
O impacto da inflação e a saúde financeira dos consumidores têm sido questões recorrentes na campanha presidencial, com o ex-presidente e candidato republicano à Casa Branca Donald Trump culpando o governo do presidente democrata Joe Biden pela alta nos preços após a pandemia. A vice-presidente e candidata democrata à Presidência Kamala Harris, por sua vez, afirmou que a promessa de Trump de aplicar tarifas de 10% a 20% em todas as importações seria um “imposto Trump”, que elevaria ainda mais os preços.
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Uma desaceleração nas contratações e um aumento recente na taxa de desemprego geraram preocupações de que a economia estaria enfraquecendo, mas os contínuos gastos dos consumidores devem estimular o crescimento. O braço do Fed em Atlanta estima que a economia cresceu a uma taxa anualizada sólida de 2,5% no terceiro trimestre.
“Com o consumo ainda muito saudável, por enquanto, os temores de recessão parecem exagerados”, disse Olivia Cross, economista da Capital Economics para a América do Norte.
O Fed pode fornecer mais um impulso aos consumidores e à economia ao reduzir os custos de empréstimos. Espera-se que o BC reduza sua taxa básica de juros nas reuniões de política monetária de novembro e dezembro, além da desta quarta (18). Esses cortes devem, ao longo do tempo, reduzir as taxas de financiamento imobiliário, para automóveis e os juros dos cartões de crédito. As taxas médias de financiamento de imóveis já caíram em antecipação à expectativa de corte do juro pelo Fed.
Os consumidores têm mostrado sinais de estresse, com o aumento das dívidas de cartões de crédito e a queda nas taxas de poupança.
As vendas em varejistas online subiram 1,4% no mês em agosto e aumentaram 0,7% em lojas de saúde e cuidados pessoais. No entanto, permaneceram estáveis em restaurantes e bares, um sinal de que os consumidores estão segurando alguns gastos não essenciais.
Os postos de gasolina relataram uma queda de 1,2% nas vendas, refletindo principalmente a queda nos preços no mês passado. As vendas de automóveis também caíram ligeiramente.
Nesta quarta (18), as autoridades do Fed decidirão se cortam sua taxa de juro principal em 0,25 ponto percentual ou em 0,5 ponto percentual, da taxa atual de cerca de 5,3%, a maior em 23 anos.
Wall Street espera cada vez mais uma redução de 0,5 ponto. Com a inflação voltando para a meta de 2% do Fed, muitos economistas argumentam que o BC não precisa manter os juros tão altos. Ao mesmo tempo, algumas autoridades do Fed, que temem que a inflação possa permanecer em 2,5%, podem não querer cortar as taxas tão rapidamente. Eles podem apontar as sólidas vendas no varejo como evidência de que não há necessidade de pressa para afrouxar a política monetária.
Um dos motivos pelos quais a inflação caiu de um recorde de 40 anos de 9,1%, em junho de 2022, foi a relutância dos consumidores em pagar os preços mais altos encontrados em supermercados, restaurantes e lojas de roupas. Em vez disso, os consumidores optaram por marcas de loja, procuraram promoções ou gastaram mais em varejistas de desconto. Alguns fabricantes de alimentos embalados, redes de fast food e varejistas como a Target responderam cortando preços ou oferecendo promoções para atrair consumidores.
Em outro relatório também divulgado nesta terça-feira (17), o Fed informou que a produção industrial dos EUA se recuperou em agosto de uma contração relacionada ao impacto do furacão Beryl em julho, com a retomada na produção de manufatura e mineração. O aumento de 0,8% na produção em fábricas, minas e serviços públicos veio na sequência de uma contração de 0,9% em julho. A retomada de agosto superou as estimativas dos analistas.
A produção de manufatura aumentou 0,9%. A taxa de utilização da capacidade nas fábricas, subiu de 76,6% para 77,2% em agosto.
Fonte: Valor Econômico

