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A vacina brasileira contra covid-19 Spin-Tec está prestes a entrar na última fase de testes clínicos antes da aprovação final para uso comercial. O imunizante é o primeiro desenvolvido com 100% de tecnologia e insumos brasileiros a chegar nessa fase da pesquisa.
A Spin-Tec é desenvolvida pelo Centro de Tecnologia de Vacinas (CTVacinas), com coordenação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Instituto René Rachou da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz-Minas), em parceria com a Fundação Ezequiel Dias. A fase 3 de testes clínicos será realizada em conjunto com a Hipolabor, fabricante de medicamentos genéricos injetáveis com unidades em Sabará (MG) e Montes Claros (MG).
“Já protocolamos a documentação na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e aguardamos a autorização para começar o ensaio clínico”, diz o coordenador do CTVacinas, Ricardo Gazzinelli. A terceira fase de testes clínicos envolverá imunização de 5,3 mil voluntários e está prevista para 2026. Os voluntários serão monitorados por 12 meses.
Em maio foi concluída a segunda fase dos testes clínicos, com 360 voluntários. Metade recebeu uma dose da vacina, a outra metade recebeu o imunizante da Pfizer. Na primeira fase, 36 voluntários foram vacinados. “Nas duas primeiras fases, os resultados da Spin-Tec foram iguais ou melhores que os da vacina da Pfizer”, diz Gazzinelli.
Segundo ele, entre os voluntários, 14 que tomaram a Spin-Tec desenvolveram covid, contra 25 que tomaram a vacina da Pfizer.
A Hipolabor vai produzir os imunizantes, que serão distribuídos em dez centros clínicos. A expectativa é que a vacinação seja concluída em até seis meses. A empresa definiu investimento de R$ 150 milhões para viabilizar a produção do imunizante. Ela também dará suporte no processo de registro da vacina na Anvisa e viabilizará a comercialização da Spin-Tec quando for aprovada.
Nas fases anteriores, o projeto da vacina recebeu apoio financeiro do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (R$ 16 milhões), do governo de Minas Gerais (R$ 50 milhões) e da prefeitura de Belo Horizonte (R$ 30 milhões).
O presidente da Hipolabor, Renato Alves, diz que vai pleitear uma linha de crédito com o Banco do Nordeste para financiar parte do projeto. Parte do recurso será usada na instalação de uma nova fábrica no complexo de Montes Claros. A conclusão das obras está prevista para janeiro de 2027. A unidade terá capacidade para produzir 50 milhões de doses de vacinas por ano. A empresa estima a contratação de cem pessoas para a produção de vacinas.
Na unidade de Sabará, a Hipolabor vai concentrar as análises técnicas e validar os processos para a produção da vacina em escala industrial. “O objetivo é que toda a produção seja destinada ao Programa Nacional de Imunizações do Sistema Único de Saúde (SUS)”, diz Alves. O executivo estima que a vacina possa obter a liberação para uso comercial em 2028.
A Spin-Tec será a primeira vacina produzida pela Hipolabor. Com a nova fábrica, a empresa prevê ampliar a capacidade de produção em 40%. “Obviamente a gente tem um plano B. Caso o registro da vacina não aconteça em 2028, vamos produzir medicamentos que estão em fase de desenvolvimento agora”, diz Alves. A Hipolabor desenvolve anticorpos monoclonais contra câncer e algumas doenças inflamatórias crônicas.
Nos últimos cinco anos, a Hipolabor investiu cerca de R$ 300 milhões em modernização e expansão de suas operações. Até 2028, estão previstos aproximadamente mais R$ 200 milhões em novos investimentos, incluindo o recurso para a Spin-Tec.
A Hipolabor fornece medicamentos e outros produtos farmacêuticos para hospitais. A empresa produz mais de cem itens injetáveis genéricos entre antibióticos, anti-inflamatórios, vitaminas, anestésicos, sedativos e outros, chegando a 360 milhões de doses por ano. No ano passado, a empresa inaugurou uma linha nova de injetáveis em Montes Claros.
Fonte: Valor Econômico