A União Química acaba de concluir sua quinta emissão de debêntures, colocando R$ 1,5 bilhão no balanço para reperfilar dívidas antigas e para fortalecer o caixa para aquisições. A farmacêutica de Fernando Marques pagou CDI mais 1,3%, abaixo da taxa de 1,9% de 2022, quando o CDI também estava mais alto. O prazo, de quatro anos na emissão anterior, que levantou R$ 600 milhões para quitar a compra de uma fábrica da Bayer, foi alongado para sete anos desta vez e sem garantias.
A distribuição ficou 70% com mercado e 30% na tesouraria de bancos, mantendo a alavancagem da União Química na casa de 2 vezes Ebitda. “Foi uma oportunidade para capitalizar a companhia, com juros mais convenientes, para suportar o crescimento”, diz Marques ao Pipeline.
A farmacêutica tem conversas em curso para potenciais aquisições. “Apesar das dificuldades do mercado, estamos sempre avaliando potenciais compra de ativos, de produtos e lançamentos. Temos algumas em andamento, em fase de sigilo, para marcas e licenciamentos”, adianta.
A empresa comprou a Apresolina das mãos da Novartis neste ano, medicamento usado em tratamentos cardiológicos. Em 2022, com a aquisição de fábrica de medicamentos de hormônios femininos em São Paulo e a compra de mais nove marcas de contraceptivos, a companhia avançou no segmento hormonal oral. A farmacêutica tem um dos maiores complexos industriais do mercado, com nove plantas e um centro de distribuição.
A empresa vinha avaliando um IPO para financiar uma expansão geográfica global e aquisições de forma mais acelerada – mas, com o mercado acionário em baixa e os fundos com PL minguando, desfavorável tanto para oferta quanto em demanda, a farmacêutica considera outras alternativas. O burburinho no setor era de um sócio minoritário, o que Marques não descarta como possibilidade, mas afirma que não há um mandato em curso.
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“Hoje, pelo contexto, um IPO está descartado. Sobre sócio, não existe nada de concreto e encaminhado nesse sentido, mas somos consultados pelos bancos se existe interesse nisso ou naquilo, estamos escutando propostas”, diz o CEO. “Há possibilidades de um minoritário, de fusão, de aquisição, estamos sempre atentos. Em momentos com muita insegurança no mercado, é importante estar com suporte financeiro para poder comprar bons ativos.”
Entre essas inseguranças, Marques cita o potencial impacto da reforma tributária para cada setor, além de juro alto e bolsa sem janela para listagens. Num eventual tratativa minoritária, a União Química teria preferência por investidores estratégicos. “Fundos entram com exigência de abertura de capital em determinado prazo, com data para sair. Seriam parceiros externos de longo prazo”, diz Marques, que emenda ter bom relacionamento nessas trocas de ideias com BTG Pactual, Santander e Bradesco.
A companhia também avalia ativos no exterior, principalmente Estados Unidos, Europa e Oriente Médio, mas lembra que há diferenças regulatórias em cada mercado. Um sócio internacional poderia impulsionar esse movimento, por exemplo.
Mas o crescimento deste ano já está contratado, afirma o CEO, com a própria geração de caixa da companhia e estratégia comercial. A União Química tem quatro divisões de negócios cuja meta é bater R$ 1 bilhão cada de receita, como OTC e saúde animal, e uma quinta, de outsourcing – fabricação para outras marcas brasileiras e internacionais – na casa de meio bilhão. Isso colocaria o faturamento na casa de R$ 4,5 bilhões, sendo que no ano passado fechou em R$ 3,96 bilhões. “Não precisamos de sócio para isso, é o caminho natural que estamos seguindo”, diz Marques.
No ano passado, a companhia registrou Ebitda de R$ 780,1 milhões e lucro líquido de R$ 316,4 milhões.
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Fonte: Valor Econômico