O pedido realizado na segunda-feira (20) pelo procurador do Tribunal Penal Internacional (TPI), Karim Khan, para emissão de um mandado de prisão contra autoridades de Israel e do Hamas expôs as profundas divisões na União Europeia (UE) sobre a guerra na Faixa de Gaza.
Em um comunicado divulgado na noite de ontem, o Ministério das Relações Exteriores da França expressou seu apoio ao TPI e à sua “luta contra a impunidade”, afirmando que há meses vem alertando sobre a “natureza inaceitável das perdas civis na Faixa de Gaza”.
O ministério ainda reiterou a condenação da França ao ataque do Hamas contra Israel em 7 de outubro, durante o qual mataram 1.200 pessoas e fizeram cerca de 250 reféns, segundo autoridades israelenses.
A Bélgica se juntou à França em seu apoio ao TPI. “Os crimes cometidos em Gaza devem ser processados no mais alto nível, independentemente dos perpetradores”, publicou a ministra das Relações Exteriores belga, Hadja Lahbib, nas redes sociais.
No entanto, em uma representação clara das divisões na Europa sobre a questão, o ministro das Relações Exteriores da Itália, Antonio Tajani, disse que era “verdadeiramente singular, eu diria inaceitável, equiparar um governo legitimamente eleito pelo povo em uma democracia com uma organização terrorista que é a causa de tudo o que está acontecendo no Oriente Médio”.
O primeiro-ministro da República Tcheca, Petr Fiala, descreveu as alegações de crimes de guerra contra o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, como “horríveis e completamente inaceitáveis”.
Enquanto isso, o Ministério das Relações Exteriores da Alemanha elogiou o TPI como uma “realização fundamental da comunidade internacional”, ao mesmo tempo em que condenou o que disse ser “a impressão imprecisa de uma equivalência” entre os líderes israelenses e do Hamas.
O pedido de Khan por mandados de prisão ocorreu em meio à crescente condenação internacional à ofensiva de sete meses de Israel na Faixa Gaza, que matou mais de 35 mil pessoas, segundo autoridades palestinas, e alimentou uma catástrofe humanitária no enclave.
O promotor solicitou os mandatos contra o premiê israelense e o ministro da Defesa, Yoav Gallant, juntamente com três líderes do Hamas, afirmando ter “motivos razoáveis para acreditar” que eles têm “responsabilidade criminal” por supostos crimes de guerra durante os combates.
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Fonte: Valor Econômico

