A perspectiva macroconômica para 2025 traz desafios ao setor de varejo, embora o consumo privado permaneça forte e os resultados da maioria das empresas ainda sejam saudáveis, avaliam analistas do UBS BB, conforme relatório a clientes nesta quarta-feira.
“Consequentemente, atualizamos as estimativas para 15 empresas em nossa cobertura e reduzimos as previsões de vendas, Ebitda e lucro líquido na média em cerca de 1%, 4% e 19%, respectivamente, para 2025 e 2026”, afirmaram.
A revisão reflete o ambiente de taxas de juros mais elevadas, depreciação da taxa de câmbio e potencial desaceleração econômica.
Na visão de Vinicius Strano e equipe, embora as ações dessas companhias estejam sendo negociadas com múltiplos bem abaixo dos níveis históricos, não há gatilhos para um “re-rating” no setor.
“Assim, preferimos exposição idiossincrática seletiva em empresas com fortes posições competitivas, momentum de resultados sólidos e alavancagem limitada”, afirmaram os analistas do banco no documento.
A equipe do UBS BB citou que várias empresas conseguiram reduzir os spreads e estender a dívida, e melhoraram a eficiência de custo-capital.
“Como resultado, a liquidez e a dificuldade de crédito parecem ser riscos limitados por enquanto, com o caixa e os ativos líquidos dos varejistas geralmente acima da dívida de curto prazo”, pontuaram.
“No entanto, espera-se que taxas de juros mais altas impactem significativamente a lucratividade de empresas com maior alavancagem, que incluem Magazine Luiza, Assaí, GPA, Carrefour Brasil e Hypera”, ressaltaram os analistas.
Lojas Renner “se destaca com uma sólida posição de caixa líquido”, ponderaram.
Eles também estimam que a depreciação do real em 2024 pode levar ao aumento dos custos da cadeia de suprimentos, enquanto a inflação salarial, estimulada por uma baixa taxa de desemprego, pode pressionar ainda mais as despesas operacionais.
Também veem chance de efeito negativo da aceleração da inflação de alimentos, mesmo potencialmente apoie as vendas (SSS) dos varejistas de alimentos.
“Nesse ambiente, empresas com marcas fortes e exposição a consumidores de renda mais alta, como Azzas 2154 e Vivara, podem ter a capacidade de repassar custos mais altos”, avaliam.
Da mesma forma, calculam que os líderes do setor devem acelerar os ganhos de ações enquanto os participantes mais fracos devem ter dificuldade.
“Espera-se que empresas com sólidos históricos de expansão, como Smartfit, Vivara, RD Saúde e Grupo Mateus mantenham uma rápida expansão… enquanto outros varejistas se expandem com mais cautela”, acrescentaram.
Nesse contexto, Strano e equipe afirmaram que Smartfi e Grupo Mateis são suas principais escolhas, enquanto C&A se destaca como uma opção de beta mais alto e potencialmente de retorno mais alto.
As ações menos preferidas são GPA — que teve a recomendação reduzida de neutra para venda –, Magazine Luiza e Petz. Os analistas também cortaram a classificação de Hypera de compra para neutra, conforme o relatório.
Todos os preços-alvo das ações do setor sob cobertura do UBS BB foram reduzidos. Confira na tabela abaixo.
Fonte: BR