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Donald Trump em seu último comício de campanha, no Michigan — Foto: Evan Vucci/AP
O empresário Donald Trump voltará a ser presidente dos Estados Unidos após projeção da “Associated Press” (AP) indicar que ele superou a marca de 270 delegados eleitorais após sacramentar vitória no Estado de Wisconsin. A vitória do republicano marca um dos mais significativos ressurgimentos políticos da história dos EUA.
Aos 78 anos, o milionário retornará à Casa Branca quatro anos após ter sido removido de lá queixando-se de fraude eleitoral e após ter se tornado réu em quatro processos judiciais — nos quais responde por 91 acusações.
O caminho para a vitória da vice-presidente e candidata democrata, Kamala Haris, começou a se estreitar após a meia-noite de ontem, quando a Pensilvânia começou a pender para Trump. O Estado, com 19 votos no Colégio Eleitoral que efetivamente define o presidente dos EUA, era fundamental para quem quisesse vencer a corrida à Casa Branca. O triunfo se tornou quase irreversível quando o ex-presidente consolidou a conquista da Geórgia e se confirmou quando levou os 10 delegados do Wisconsin.
A vitória de Trump foi além da Presidência. Pelas previsões, os republicanos devem ampliar sua bancada — que já era majoritária — na Câmara dos Deputados e retomar o controle do Senado. Trump terá ainda a chance de nomear novos juízes para a Corte Suprema, tornando o tribunal ainda mais conservador do que quando ele passou pela Casa Branca, de 2017 a 2021.
O republicano acompanhou a apuração em sua mansão de Mar-a-Lago, na Flórida — em uma cerimônia na qual compareceria o bilionário Elon Musk, um dos principais e mais atuantes militantes da campanha do ex-presidente.
Além da Presidência da República, os republicanos também se encaminhavam ontem para ampliar sua maioria na Câmara dos Deputados e retomar o controle do Senado — uma vez que as 33 cadeiras postas em jogo nesta eleição eram ocupadas, majoritariamente, por democratas.
Kamala assistiu à marcha da apuração na Universidade Howard, em Washington — um símbolo da luta pelos direitos civis dos EUA e onde ela se formou em ciências políticas e economia. Ao sair de volta para casa, antes da confirmação da vitória de Trump, ela disse que só falaria sobre eleição hoje.
Durante a atual campanha, marcada por um grau de autoritarismo mais alto do que o que apresentou no primeiro mandato —, Trump prometeu deportar “milhões” de imigrantes ilegais, cortar mais impostos sobre o lucro das empresas, impor tarifas de comércio a vários países, ampliar a exploração de combustíveis fósseis, entre outras agendas defendias pela extrema esquerda dos EUA e internacional.
A retórica de Trump sugere recuos nas metas climáticas globais, na promoção de integração comercial global e na adesão de Washington à maior parte dos acordos internacionais que integra hoje.
A volta de Trump à Presidência — após passar quatro anos se queixando de perseguição judicia e política pelo governo de Joe Biden — também eleva o temor de que, no poder, ele use instituições do Estado para uma caça às bruxas contra opositores.
O que se prevê agora é que as ações judiciais contra Trump devem sofrer mudanças significativas. Os processos nos quais ele é réu avançaram na Justiça enquanto o republicano estava em campanha. Já nas próximas semanas, ele deve ser ouvido no tribunal federal de Manhattan no caso sobre a invasão do Congresso, de 6 de janeiro de 2021 — na qual seus partidários tentaram impedir a oficialização da vitória eleitoral de Biden.
Empresário que construiu uma fortuna de US$ 6,1 bilhões — atuando nos setores de comunicação, de hotelaria e imobiliário —, o retorno à Casa Branca também representa oportunidades de ordem financeira. Ele poderá, por exemplo, proteger seus negócios e interesses econômicos de possíveis investigações e regulamentações.
Como presidente, Trump voltará a ter influência significativa sobre a política econômica e regulatória do país, o que pode beneficiar seus próprios negócios e investimentos. E poderá influenciar decisões sobre impostos, regulamentações e políticas econômicas que afetam suas finanças.
Em seu mandato de 2017 a 2021, Trump revogou regulamentações que afetavam negativamente seus negócios — revogando a regulamentação sobre emissões de gases de efeito estufa, o que beneficiou suas propriedades imobiliárias e investimentos em energia fóssil. Ele também nomeou pessoas para cargos importantes que tinham laços com seus negócios. Por exemplo, ele nomeou Rex Tillerson, um executivo da ExxonMobil, como secretário de Estado.
Trump definiu sua campanha como um referendo como um referendo sobre o governo de Joe Biden — associando-o à vice-presidente — e o culpou pela inflação e travessias ilegais na fronteira dos EUA com o México. Já Kamala tentou se mostrar como sendo mais focada no futuro e descreveu Trump como velho, cansado e uma ameaça à Constituição.
Fonte: Valor Econômico

