Em seu primeiro discurso desde que escapou de um atentado a tiros no sábado, o ex-presidente dos EUA Donald Trump encerrou ontem os quatro dias de Convenção Nacional Republicana aceitando a indicação como candidato à Presidência na eleição de 5 de novembro e prometendo “uma nova era de segurança, prosperidade e liberdade para todos os cidadãos americanos”.
Ele citou seu virtual adversário, o presidente Joe Biden, apenas uma vez — ao qualificá-lo como o “pior presidente das últimas décadas” — e criticou os democratas por, na visão dele, “usar o sistema de Justiça como arma política”.
“A inflação deixou o trabalhador americano desamparado e a população desesperada. Vamos consertar isso e não vamos permitir que isso aconteça de novo”, declarou, depois de um começo de discurso em que parecia adotar um tom menos agressivo do que o que normalmente adota.
“Eu quero dizer que pretendo unir o país, mas para isso é preciso que os democratas parem de usar o sistema de Justiça como arma”, disse, referindo-se aos processos que enfrenta. “É preciso que parem de me acusar falsamente.”
“Deixe-me esta noite expressar minha gratidão ao povo americano por sua demonstração de amor e apoio após a tentativa de assassinato em meu comício no sábado”, afirmou o ex-presidente — que entrou no palco com o curativo na orelha atingida pelo tiro e levando um manequim com o uniforme e o capacete do bombeiro da Pensilvânia Corey Comparatore, de 50 anos, que estava na plateia e morreu no atentado ao tentar proteger as filhas.
“Vou dizer o que aconteceu e nunca mais tocarei nisso”, disse ao começar a descrever o atentado. “Se eu não tivesse virado um pouco a cabeça, não estaria aqui hoje.”
O último dia do encontro conservador consolidou a conversão do Partido Republicano histórico em um movimento totalmente dominado pelo trumpismo, com sua agenda de protecionismo econômico, isolacionismo, aintiimigração e de valores ligados ao fundamentalismo evangélico.
Trump subiu ao palco da convenção depois de discursos figuras populares ligados ao seu movimento Maga — “Make America Great Again”, ou, em tradução livre, “Faça os EUA grandes outra vez” —, como o lutador de luta livre e ator Hulk Hogan e o proprietário da marca UFC, Dana White.
“Sob nossa liderança os EUA serão outra vez respeitados. No atual governo estamos em declínio, com o salário dos americanos afetados pela inflação e pela imigração ilegal”, declarou. “Prometo que vamos acabar com essa crise inflacionária, com a crise da energia. Vamos reduzir impostos”, discursou. “Vou acabar com a crise da imigração fechando as fronteiras. Vamos construir o muro [com o México] para acabar com a invasão”, disse. “Somos um depósito de criminosos do mundo todo. Acham que somos idiotas”, afirmou.
“Vou dizer por que caiu o crime caiu na Venezuela ou em El Savador: porque mandaram seus criminosos para os EUA”, afirmou. “Vamos acabar com isso.”
“Vamos acabar com essas leis ridículas de obrigações ambientais. E, na primeira medida, vou acabar com essa coisa ridícula de carros elétricos. A China está aqui ao lado, no México, para inundar nosso mercado com esses carros. Vamos colocar uma tarifa para isso: uns 200%”, afirmou Trump.
Ele também se gabou de sua política externa, dizendo que conteve ações da Rússia, Coreia do Norte e do Talibã, no Afeganistão. “Posso parar uma guerra com um telefonema”, afirmou.
Fonte: Valor Econômico

