O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta sexta-feira (10) um acordo com a farmacêutica britânica AstraZeneca, pelo qual a empresa venderá alguns medicamentos com desconto para o Medicaid, plano público de saúde americano — em um modelo semelhante ao pacto firmado na semana passada com a Pfizer.
Os acordos sugerem um marco de referência que a Casa Branca pretende usar para atingir sua meta de reduzir os preços dos medicamentos prescritos nos Estados Unidos. Em julho, Trump enviou cartas a 17 das principais farmacêuticas do mundo exigindo cortes de preços. Pfizer e AstraZeneca são as duas primeiras empresas a chegar a um acordo com o governo.
A AstraZeneca também oferecerá alguns de seus medicamentos com desconto sobre o preço de lista por meio do site TrumpRx, previsto para ser lançado no próximo ano, afirmou o CEO Pascal Soriot em um evento no Salão Oval.
Atualmente, os pacientes americanos pagam, de longe, os preços mais altos do mundo por medicamentos prescritos — frequentemente quase três vezes mais do que em outros países desenvolvidos. Trump tem pressionado as farmacêuticas a reduzirem os preços ao nível pago em outros mercados, sob pena de altas tarifas.
No mês passado, Trump chegou a ameaçar com tarifas de 100%, aumentando a pressão sobre a indústria farmacêutica para aceitar cortes de preços e transferir parte da produção para os EUA, após o colapso das negociações no início deste ano, segundo lobistas e executivos ouvidos pela Reuters após o acordo com a Pfizer.
Soriot vem mantendo relações próximas com Washington, enquanto a empresa busca expandir suas operações. Em julho, a AstraZeneca anunciou um investimento de US$ 50 bilhões em produção e pesquisa nos Estados Unidos até 2030, incluindo a construção de seu maior centro mundial na Virgínia e a ampliação de unidades em cinco outros Estados americanos.
Em setembro, a farmacêutica anunciou que venderá diretamente a pacientes americanos seus medicamentos contra diabetes e asma, com descontos de até 70% sobre o preço de tabela — mais uma resposta à campanha de pressão de Trump.
Neste ano, Soriot tem destacado as credenciais americanas da empresa, descrevendo a AstraZeneca como uma “empresa muito americana”, em referência à crescente importância do mercado dos EUA. A companhia também planeja listar suas ações nos Estados Unidos, além dos mercados do Reino Unido e da Europa.
Fonte: Valor Econômico