/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_63b422c2caee4269b8b34177e8876b93/internal_photos/bs/2024/C/R/z88BnOQDem3tMpcMD1KQ/foto03fin-101-inter-c2.jpg)
O presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, enfatizou ontem o sucesso do processo de combate à inflação nos EUA durante o Fórum de Sintra, evento organizado pelo Banco Central Europeu (BCE), que reúne autoridades monetárias do mundo todo em Portugal. Os comentários animaram investidores e retiraram parte do estresse registrado pela manhã diante do aumento das chances de uma nova gestão de Donald Trump nos EUA, vista como potencial combustível para inflação e déficit fiscal no país.
Agentes se apegaram à afirmação de Powell de que a desinflação fez muito progresso. No entanto, ele reiterou que o Fed ainda precisa ver mais confiança de que a inflação está recuando de forma sustentável em direção à meta de 2% antes de começar a cortar juros – e que não vê a inflação na meta antes do fim de 2025 ou 2026.
“Os mercados gostaram dos comentários de Powell, e com razão”, disse Ian Shepherdson, economista-chefe da Pantheon Macroeconomics. Segundo ele, o presidente do Fed estava otimista, argumentando que os dados mais recentes mostram que a desinflação está de volta aos trilhos após a decepção dos primeiros meses do ano, e dizendo que espera que a inflação caia para perto de 2% daqui a um ano.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_63b422c2caee4269b8b34177e8876b93/internal_photos/bs/2024/W/k/7dieIhT8GyjxFY6kL9sQ/arte03fin-102-inter-c2.jpg)
Com isso, as bolsas passaram a subir de forma mais consistente e os rendimentos (“yields”) dos Treasuries, os títulos do Tesouro dos EUA, voltaram a cair. A alta de 10% das ações da Tesla levou o S&P 500 e o Nasdaq a novos recordes, com altas de 0,62% e 0,84%, respectivamente. O Dow Jones subiu 0,41%.
Ao longo do dia, os Treasuries responderam de forma mais acidentada, com os yields oscilando entre altas e baixas. No fechamento, a taxa da T-note de dois anos caía a 4,754%, de 4,756% no fechamento anterior, e a da T-note de dez anos cedia de 4,467% para 4,437%. O yield do título de 30 anos recuava a 4,607%, de 4,632% anteriormente. O índice DXY, que mede a relação do dólar com uma cesta de seis moedas, caiu 0,19% a 105,70 pontos.
Durante painel com a presidente do BCE, Christine Lagarde, e o presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, Powell reiterou suas preocupações com a inflação de serviços, que segue mais resiliente. Segundo o presidente do Fed, a inflação de serviços está atrelada a salários que, embora estejam desacelerando, continuam acima do nível desejável para que a inflação volte à meta de forma sustentável.
Lagarde reiterou que o caminho da desinflação deve ser acidentado, principalmente depois de a inflação de serviços do índice de preços ao consumidor (CPI) ter voltado a subir. A presidente do BCE disse, contudo, que a inflação de serviços não precisa estar em 2%, já que a da indústria está abaixo desse patamar e a inflação cheia é formada pela combinação dos dois dados, que estão caminhando para a meta.
Para Lagarde, a zona do euro está muito avançada no caminho da desinflação. Mas ela preferiu não se comprometer em sinalizar qual será o próximo passo de BCE, se um novo corte ou a manutenção das taxas. “Precisamos monitorar os dados. Dados são importantes porque continuamos com o fardo do efeito retardado do impacto da alta dos juros e dos salários na economia”, disse.
Powell disse que os últimos dados foram positivos, mas que precisa “ver mais dados como esses para reduzir os juros”. “Se cortarmos cedo demais, corremos risco de perder o trabalho já feito. Se demorarmos demais, podemos impedir a recuperação”, afirmou. Segundo ele, os salários e o mercado de trabalho, que estavam muito aquecidos no primeiro trimestre, começam a dar sinais de desaceleração.
O presidente do Fed também destacou três pontos-chave, observou Shepherdson, da Pantheon. Primeiro, foram feitos progressos “substanciais” no melhor equilíbrio no mercado de trabalho; segundo, Powell ficaria “feliz” em ver o desemprego permanecer onde está, e infeliz em vê-lo avançar; terceiro e último, como resultado do enfraquecimento inesperado do mercado de trabalho o Fed poderia ser levado a agir. “Os investidores interpretaram essas observações como um sinal de que o Fed está confirmando que os dados de inflação maiores no primeiro trimestre foram mais ruído do que evidência”, disse.
Fonte: Valor Econômico

