O Tesouro Nacional divulgou no fim da tarde de sexta-feira o seu cronograma de leilões da dívida pública do quarto trimestre. No documento, a entidade retirou a possibilidade da realização de leilões “off the run”, que consistem na emissão de títulos que não são ofertados nos leilões tradicionais, que acontecem toda semana às terças e quintas-feiras.
Os cronogramas do segundo e terceiro trimestres citavam que o Tesouro poderia realizar um ou mais leilões de títulos fora do calendário vigente de emissões, “com o objetivo de contribuir para a eficiência das curvas de juros e do mercado secundário de títulos públicos”. Esse trecho não consta no documento divulgado na sexta-feira.
No começo do mês, o Tesouro realizou uma emissão de 4,5 milhões de NTN-B (papéis atrelados ao IPCA) “off the run”, adicionando um volume de risco (“dv01”) muito elevado no mercado, o que provocou uma forte alta das taxas de juros reais de longo prazo. De acordo com dados da Anbima, a taxa da NTN-B para 2050 saiu de 7,212% no fim de agosto para 7,230% no fechamento de sexta-feira. Durante o pico do estresse recente, a taxa desse papel chegou a 7,367%.
Conforme mostrou o Valor, a atuação agressiva do Tesouro no leilão especial de NTN-Bs ultralongas gerou críticas de alguns participantes do mercado, sobretudo de gestores de fundos multimercado, que veem espaço para uma diminuição da quantidade de papéis ofertados após o acúmulo de caixa efetuado ao longo do primeiro semestre deste ano.
Em evento público no mês de agosto, o subsecretário da Dívida Pública, Daniel Leal, não indicou grande disposição em reduzir o ritmo de emissões. “Se o ambiente for saudável, é recomendável aproveitar”, disse. “Entrar em um ano eleitoral com um caixa um pouco mais confortável é positivo. A ideia não é pressionar o mercado, mas, com o mercado permitindo, é irmos explorando cada leilão com sensibilidade.”
Na semana que passou, o ritmo dos leilões de títulos públicos continuou bastante relevante, com emissão de R$ 16 bilhões em papéis prefixados (LTNs e NTN-Fs); de R$ 4,35 bilhões em NTN-Bs; e de R$ 11,41 bilhões em títulos indexados à Selic (LFTs).
Ao longo do quarto trimestre, o Tesouro continuará ofertando semanalmente papéis prefixados com vencimentos em abril de 2026; outubro de 2026; outubro de 2027; julho de 2029; e janeiro de 2032, no caso das LTN. Já para as NTN-F, os prazos seguem em janeiro de 2031 e janeiro de 2035.
Para as ofertas de NTN-B também não haverá mudança e os papéis serão emitidos de forma alternada. Em uma terça-feira, haverá a venda de NTN-B para 2028, 2032 e 2045; na outra, o leilão de títulos com vencimento em 2030, 2035 e 2060.
A única alteração do calendário regular de emissões será na oferta de LFT, títulos indexados à taxa Selic. Além do papel com vencimento em setembro de 2028, que será mantido, o Tesouro mudou o vencimento da oferta da LFT de longo prazo, que passa de setembro de 2031 para dezembro de 2031, seguindo a rolagem trimestral adotada ao longo deste ano. (Colaboraram Gabriel Roca e Victor Rezende)
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Fonte: Valor Econômico

